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'É necessário continuar esforços para reduzir juro estrutural', diz Ilan

Presidente do Banco Central repetiu que o processo de flexibilização monetária continuará dependendo da evolução da atividade econômica

Por Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, repetiu nesta sexta-feira, 17, durante evento em São Paulo, uma série de ideias contidas nas comunicações mais recentes da instituição a respeito da política monetária. Entre elas, a de que, "a fim de garantir que a tendência de queda das taxas de juros reais seja sustentável, é necessário continuar os esforços de reduzir a taxa de juros estrutural". "Para isso, temos que perseverar no caminho dos ajustes e das reformas", acrescentou. A taxa estrutural é aquela em que, em tese, há crescimento sem geração de inflação.

Presidente do Banco Central repetiu que o processo de flexibilização monetária continuará dependendo da evolução da atividade econômica Foto: ALEX SILVA / ESTADÃO

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Goldfajn também retomou a ideia de que a conjuntura econômica atual prescreve "política monetária estimulativa" - ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural. "De fato, o presente processo de flexibilização monetária tem levado à queda das taxas de juros reais (juros nominais menos inflação) e tende a estimular a economia", avaliou Goldfajn. "Essas taxas, estimadas usando várias medidas, se encontram entre 2,5% e 3,0%, valores próximos aos mínimos históricos." Ele destacou ainda que a taxa de juros ex ante encontra-se abaixo da taxa estrutural, "o que significa que há duas hipóteses à frente: uma, que a taxa de juros estrutural decline ao longo do tempo; outra, que o juro básico suba. Ou, ainda, uma combinação dessas hipóteses".

+ Após leniência, BC busca nova agenda de reformas Durante sua fala, Goldfajn também repetiu que o cenário básico da instituição envolve fatores de risco em ambas as direções. "Por um lado, a combinação de possíveis efeitos secundários do choque favorável nos preços de alimentos e da inflação de bens industriais em níveis correntes baixos e da possível propagação, por mecanismos inerciais, do nível baixo de inflação pode produzir trajetória prospectiva abaixo do esperado", afirmou. "Por outro lado, uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas e ajustes necessários na economia brasileira pode afetar prêmios de risco e elevar a trajetória da inflação no horizonte relevante para a política monetária", disse Goldfajn. "Esse risco se intensifica no caso de reversão do corrente cenário externo favorável para economias emergentes."

+ Ilan alerta para risco de bolha e formação de pirâmide com as bitcoins O presidente do BC afirmou ainda que, no último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), no fim de outubro, houve consenso "em manter a liberdade de ação e adiar qualquer sinalização sobre as decisões futuras de política monetária de forma a incorporar novas informações sobre a evolução do cenário básico e do balanço de riscos". Para a próxima reunião, segundo Goldfajn, o Copom vê "neste momento" como adequada uma redução moderada na magnitude dos cortes de juros. "O Copom ressalta que o processo de flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação", disse. Para Goldfajn, a dosagem da política monetária se mostrou, até o momento, adequada e a inflação não apresentaria a mesma queda caso o BC não atuasse de maneira firme "para domar as expectativas inflacionárias, apoiado pela política econômica de forma geral". Goldfajn participou na tarde de hoje de reunião plenária do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), em São Paulo.

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