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Economia do AC só se recupera em 3 anos, dizem entidades

Por ITAAN ARRUDA
Atualização:

Um documento produzido por nove entidades empresariais do Acre, com destaque para a Federação da Indústria, Federação do Comércio, Federação da Agricultura e Federação das Associações Comerciais, calcula que a economia do Estado só voltará ao normal em, no mínimo, três anos. O isolamento imposto pela cheia do Rio Madeira mostrou a vulnerabilidade da economia acreana. Os empresários não admitem publicamente, mas o cenário é preocupante. "Eu não gosto de falar sobre números sem estar embasado por pesquisa, mas eu diria que vai demorar um bom tempo para a situação se normalizar", ponderou o presidente da Associação Comercial do Acre, Jurilande Aragão. Ele cita exemplos de distribuidores de porte médio que já contabilizam prejuízos da ordem de R$ 300 mil. Aragão avalia que ainda é cedo para se falar em desemprego, mas sabe que a economia está muito mais fragilizada. "Vamos deixar as coisas acontecerem para poder falar em desemprego", esquivou-se. "Não tenho ouvido falar em demissões, mas a situação precisa mudar urgentemente, senão muita gente grande vai começar a ruir", avalia o presidente da Fecomercio do Acre, Leandro Domingos.Um dos problemas estruturantes da economia do Acre é que a maior parte das empresas opera sem capital de giro. Com mercadoria sem poder chegar ao Acre, sem vendas e com os títulos e duplicatas vencendo, o cenário do comércio não poderia ser pior. O documento elaborado pelo grupo contabiliza que deixaram de circular no Acre nesses vinte dias de isolamento cerca de R$ 834 milhões. "O que está acontecendo aqui não aconteceu em nenhum outro lugar do País", comparou o presidente da Acisa. Somente em março, deixaram de ingressar no Acre 77,11% de mercadorias tributáveis, comparado ao mesmo período de 2013. A Sefaz já admitiu que houve queda pela metade na receita de ICMS no primeiro trimestre de 2014, comparado ao mesmo período do ano passado.Isolado.O Acre só possui uma ligação terrestre com o restante do país, a BR-364. A estrada está submersa em um trecho de mais de vinte quilômetros. O Governo do Acre tem garantido a travessia de caminhões que são puxados por tratores em uma operação arriscada. Uma equipe do Dnit foi nesta terça-feira, 8, para as regiões mais críticas para fazer nova avaliação. No início da noite, o governador Tião Viana reuniu a classe empresarial para fazer um diagnóstico da situação.Empresários com melhor condição já enviaram balsas de Porto Velho até o município de Boca do Acre (Sul do Amazonas) em uma viagem de até 18 dias. Outros empresários avaliam a possibilidade de fretar aviões. O Acre só não está completamente desabastecido de produtos básicos devido à ajuda do governo federal que disponibilizou aviões da FAB e permitiu ao Estado a comercialização de combustível com o Peru, utilizando a rodovia interoceânica.

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