O governo de Michel Temer não pode “comprar” sua permanência no poder descuidando da agenda de reformas – ainda que a proposta de mudança para a Previdência, por exemplo, saia mais rala do que a original, segundo o ex-presidente do Banco Central e sócio da Tendência Consultoria, Gustavo Loyola.
Apesar de tábua de salvação, com o presidente Michel Temer lutando por sua sobrevivência, a economia pode virar uma preocupação secundária para o governo?
A economia nunca deveria ficar em segundo plano. Embora estivesse mostrando resultados mais positivos, a economia inspira cuidados. Não é mais vitrine do governo, é uma questão de sobrevivência. O presidente não pode comprar sua permanência descuidando da agenda de reformas.
O que fazer para manter o que já tinha sido feito?
Há duas questões fundamentais. Primeiro, a da governabilidade, ter uma agenda mínima que assegure o andamento de ao menos alguma versão das reformas, tanto a trabalhista quanto a previdenciária, ainda que sejam versões desidratadas. Também é preciso entender a nova relação com o Congresso. O perigo seria o governo entrar em um processo de “sarneyzação”, ficar só para passar o tempo até 2018.
Como evitar o agravamento?
É fundamental manter a equipe econômica, ela garante continuidade e responsabilidade com os ajustes, mesmo se o governo entrar em um processo agônico, se enfraquecer e perder seus principais colaboradores e apoio no Congresso.