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Economista diz que países com vocação rural devem se sair bem pós Trump

Em apresentação no Summit Agronegócio Brasil 2016, economista-chefe da Bolsa de Chicago, Bluford Putnam, afirmou que a mudança está mexendo e deve continuar o influenciando o câmbio

Por Camila Turtelli e José Roberto Gomes
Atualização:
Bluford Putnam, economista-chefe da Bolsa de Chicago (CME Group) Foto: Werther Santana

A eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos pode favorecer os países com vocação agropecuária, em função da pressão que a vitória do empresário tem exercido sobre o câmbio. A afirmação foi feita por Bluford Putnam, economista-chefe da Bolsa de Chicago (CME Group), em apresentação no Summit Agronegócio Brasil 2016. 

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O evento na capital paulista, promovido pelo Estadão em parceria com a Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), contou com a presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e reuniu especialistas, startups e grandes empresas do setor.

Segundo Putnam, a economia mundial e as relações internacionais de comércio serão alteradas e o efeito Trump deve reforçar a valorização do dólar. “Os países com vocação agropecuária devem se sair bem nesse novo cenário de câmbio”, afirmou, lembrando que o real se desvalorizou ante a moeda americana após a eleição e que este movimento favorece as exportações do País. Ele projeta ainda que o dólar fique mais fortalecido ante o euro e o iene japonês.

Para o economista, os EUA estão saindo um pouco da sua posição de líder mundial e o mundo começa uma fase diferente na política. Segundo ele, o Fed, banco central dos Estados Unidos, deve elevar os juros em dezembro, como já foi sinalizado e, poderá manter um aumento gradual em 2017.

Além disso, para ele, os EUA devem ter um déficit de orçamento que deverá ser alvo de debates no próximo ano, o que pode fazer com que algumas promessas de Trump - como investimentos em infraestrutura e corte nos impostos - não se concretizem totalmente.

Sobre as commodities agrícolas, o economista afirmou que os efeitos climáticos provocados pelo fenômeno La Niña podem pressionar os preços globais, embora ainda haja dúvidas sobre a força dele.

Recuperação. Na abertura do evento, o presidente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp), Fábio Meirelles, afirmou que o Brasil está em processo de recuperação, no qual o agronegócio é o alicerce. Ele ressaltou que debates sobre o setor são importantes para que se possa avançar em tecnologia e elevar cada vez mais a produtividade do setor.

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O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, avaliou que o agronegócio vive um bom momento, “com boa perspectiva de crescimento, não apenas pela questão cambial mas também pela competitividade do setor”.

Durante o painel “O Brasil exportador de startups” os palestrantes ressaltaram o potencial do agronegócio no desenvolvimento de novas tecnologias. Para o presidente da Agência de Desenvolvimento Paulista, a Desenvolve SP, Milton Luiz de Melo Santos, nos últimos dez anos a gestão do agronegócio se desenvolveu significativamente com a chegada de startups e de tecnologias como a internet.

Financiamento. Já o diretor executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Cornacchioni, previu dificuldades no acesso ao crédito em 2017. “O que nos preocupa é a taxa de juros, ainda elevada”, afirmou em entrevista ao Broadcast Agro.

Para Juliana Jardim, gerente de commodities e barter da Monsanto, a troca de insumos por grãos -realizada entre agricultor, revenda e trading -deve ser uma importante ferramenta de financiamento da safra 2016/17. Segundo ela, 29% do financiamento desta safra virão de outros agentes que não bancos.

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