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‘Efeito Abengoa’ atinge maior fabricante nacional de linhas de transmissão

Com a crise da empresa espanhola, que teve de abandonar grandes projetos no País, como o linhão de Belo Monte, brasileira Brascopper entrou em recuperação judicial e tenta vender ativos para continuar operando

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Por André Borges
Atualização:

BRASÍLIA - A crise das gigantes espanholas Abengoa e Isolux, que deixaram de realizar projetos de transmissão no País, reforçou os problemas de uma outra empresa do setor, que enfrenta uma profunda dificuldade financeira. A falência agora é uma ameaça também para a maior fabricante 100% brasileira de cabos de alta tensão, a Brascopper.

Medidas provisórias que reformam o setor elétrico devem ser publicadasnos próximos dias ou semanas, disse o chefe da assessoria especial em assuntos regulatórios do Ministério de Minas e Energia, Paulo Felix Gabardo. Foto: Marcelo Min - 28/9/2013

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A empresa tenta evitar o fechamento de suas portas por meio de um processo de recuperação judicial, situação em que se encontram também Abengoa e Isolux. A Brascopper tem dívida acumulada de R$ 126 milhões, com 1.014 credores.

A derrocada da companhia fundada em 1984, em Ribeirão Preto (SP), é resultado de uma combinação de fatores, entre eles a frustração de grandes leilões de transmissão ocorridos nos últimos anos, a quebra das empresas espanholas, a crise financeira do País e a queda no preço do alumínio, tudo isso ocorrido nos últimos quatro anos.

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O cenário é muito diferente do que a empresa imaginava até 2011, quando, depois de realizar um investimento de cerca de R$ 70 milhões, colocou em funcionamento a sua terceira fábrica em São Luís – a companhia tem ainda uma unidade em Três Lagoas (MS).

O objetivo era se preparar para entregar cabos de alta tensão para grandes projetos do setor que estavam em andamento ou planejados para o País, caso dos linhões de Belo Monte, que ficariam a cargo da Abengoa. A espanhola assumiria 2 mil quilômetros desse empreendimento. A Brascooper estava de olho nessa demanda porque já havia vendido 1,7 mil km de cabos para a companhia.

A linha da Abengoa, porém, não saiu e os pedidos por cabo não se concretizaram. Com a queda no preço do alumínio em todo o mundo e os fracassos de muitos leilões entre 2012 e 2014, as dívidas se acumularam.

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No auge da produção, as unidades da empresa chegaram a empregar 774 funcionários. Hoje, está com 196 trabalhadores. As fábrica operam com um terço da capacidade. O faturamento da empresa, que beirou R$ 600 milhões em 2011, despencou para R$ 270 milhões no ano passado.

As informações foram confirmadas ao Estado por Wendel Caleffi, sócio da EXM Partners, consultoria que foi contratada pela Brascopper para tentar sua recuperação judicial e que tem falado em nome da fabricante. A única saída encontrada para tentar salvar a empresa foi a venda de sua unidade no Maranhão. A expectativa é de que o negócio seja fechado em 90 dias.

“Fizemos um diagnóstico da situação e concluímos que a cobertura da empresa e o pagamento de sua dívida passaram a depender da venda de ativos”, diz Caleffi. “Quando se está em recuperação judicial, a disponibilidade de capital de giro é nenhuma. Não se tem acesso a credito. A fábrica está avaliada em pouco mais de R$ 100 milhões. Já há interessados, inclusive de outros países.”

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Interessados. Na lista dos grandes nomes de produção de cabos estão as multinacionais Alubar, General Cable, Nexans e Prysmian. Entre os interessados na fábrica da empresa, afirma Caleffi, estão investidores chineses, os quais têm vencido a maior parte de leilões de linhas de transmissão realizados pelo governo nos dois últimos anos.

De 2015 para cá, o governo busca saídas para interligar grandes usinas do País, por conta de projetos das espanholas Abengoa e Isolux, que não saíram do papel. Os projetos da primeira já foram alvos de declaração de caducidade pelo governo. No caso da Isolux, algumas linhas já foram, inclusive, relicitadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

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