EFEITOS COLATERAIS
Ao contrário de seus vizinhos, o El Niño fraco deve trazer maiores desafios para a produção de soja do Brasil, onde, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra poder ser recorde, entre 89 milhões e 92 milhões de toneladas no ciclo 2014/15.
"O El Niño fraco é perigoso porque não costuma ter os efeitos (benéficos para a safra de soja) de um El Niño forte: chuvas em excesso no Sul e pancadas de chuva no Sudeste/Centro-Oeste", disse o meteorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, no Brasil.
No Sul do Brasil, segunda região produtora de soja depois do Centro-Oeste, o El Niño fraco não diminui o risco de estiagem, o que acontece quando o El Niño é forte, acrescentou.
Enquanto isso, no Centro-Oeste e no Sudeste, disse o meteorologista, o fenômeno fraco pode resultar em maior risco de "invernadas" --período caracterizado por vários dias de tempo nublado e chuvoso e temperaturas não tão altas--, o que aumenta a chance de proliferação do fungo da ferrugem asiática e de a planta não fazer a fotossíntese adequadamente.
Já com o El Niño tradicional ocorreriam mais pancadas de chuva, com períodos de sol, e o produtor teria maiores produtividades.
Para o Centro-Oeste, que inclui o Mato Grosso, maior produtor de soja do Brasil, o El Niño fraco não impacta tanto a quantidade da produção, mas pode trazer problemas de qualidade, especialmente pelo tempo for chuvoso durante vários dias na época da colheita.
(Reportagem adicional de Daniela Desantis em Assunção e Roberto Samora, em São Paulo)