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Vendas no varejo recuam 0,9% em agosto, a maior queda para o mês em 15 anos

Segundo dados do IBGE, comércio varejista teve em agosto o sétimo mês seguido de queda; no ano, as vendas do varejo acumulam baixa de 3% e, em 12 meses, de 1,5%

Por Idiana Tomazelli
Atualização:
Nem datas especiais, como Dia dos Pais e das Crianças, estão fazendo o varejo ter um bom desempenho Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO

RIO - As vendas do comércio varejista caíram 0,9% em agosto ante julho, a maior queda para o mês desde 2000, quando a baixa foi de 1%. Com o resultado, as vendas registraram o sétimo mês seguido de queda, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

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Nesse período de sete baixas, o setor acumulou uma perda de 6,4% A atividade está 8,9% abaixo do pico da série, observado em novembro de 2014. Uma sequência tão grande de quedas só foi vista entre janeiro e julho de 2001. Naquele período, porém, a perda acumulada foi menor, de 2,9%.

Na comparação com agosto do ano passado, sem ajuste sazonal, as vendas do varejo tiveram queda de 6,9% em agosto deste ano. Essa foi a pior redução para o mês de toda a série da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), iniciada em 2000 e com dados a partir de 2001 para este confronto.

Até agosto, as vendas do varejo restrito acumulam queda de 3% no ano e recuo de 1,5% nos últimos 12 meses. O resultado mensal coincide com o piso das estimativas dos analistas ouvidos pela Agência Estado, que esperavam desde uma queda de 0,30% até um recuo de 0,90%, com mediana negativa em 0,60%.

'Nos oito meses de 2015, dois anos de crescimento foram jogados fora' - economista Rodrigo Baggi, da Tendências Consultoria Integrada

A queda de 3% no volume de vendas no acumulado do ano já fez o segmento retroceder a níveis de 2012, segundo o economista Rodrigo Baggi, da Tendências Consultoria Integrada. "Nos oito meses de 2015, dois anos de crescimento foram jogados fora", comentou. Na avaliação do especialista, o processo de reversão do crescimento do setor tem sido "muito forte em 2015" e deve se estender ao longo de 2016. "Até o ano que vem, vão ser de três a quatro anos de retrocesso em termos de volume de vendas para o varejo", disse ao comentar os resultados.

O resultado fraco irá impactar o desempenho da economia neste ano. A retração das vendas do varejo em agosto é compatível com uma queda do PIB perto de 1% no 3º trimestre, na margem, o que sugere que a economia vai recuar próximo de 3% no ano, comentou Rodrigo Melo, economista-chefe do Icatu Vanguarda. "Em 2015, o varejo restrito deve cair perto de 4% e o ampliado baixar ao redor de 8% em função de uma série de fatores, como inflação alta, perda de rendimento real dos trabalhadores e avanço do desemprego", comentou.

Varejo ampliado. As vendas do varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, caíram 2% em agosto, o recuo mais intenso para o mês desde 2008, quando também houve retração de 2%Esses dois resultados, por sua vez, são os piores da série, iniciada em 2003.

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Na comparação com agosto do ano passado, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram queda de 9,6%. A queda neste tipo de comparação foi a maior da série, que tem dados desde 2004.

Até agosto, as vendas do comércio varejista ampliado acumulam queda de 6,9% no ano e recuo de 5,2% nos últimos 12 meses.

Vendas mais fracas. O IBGE revisou para baixo diversos números do varejo. O índice caiu 1,6% em julho, mais do que a queda de 1% apurada inicialmente. Além disso, o recuo de 0,5% junho ante maio foi revisado para uma queda de 0,6%, enquanto o resultado de maio ante abril foi modificado de -0,9% para -1%.

Já no varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, as vendas em julho ante junho foram revisadas para alta de 0,5%, ante aumento de 0,6% na leitura inicial. Em junho ante maio, a queda de 0,7% foi revisada para recuo de 1%.

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Setores. A queda nas vendas em agosto foi acompanhada por seis dos oito setores investigados pelo IBGE. O segmento de móveis e eletrodomésticos marcou um dos piores resultados do período, com recuo de 2% nas vendas. O setor de combustíveis e lubrificantes, por sua vez, registrou retração de 1,3% no volume de vendas em agosto ante julho.

Também tiveram quedas os setores de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,1%), tecidos, vestuário e calçados (-1,7%), livros, jornais, revistas e papelaria (-2,6%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,2%).

As únicas altas vieram de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,6%) e de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1%). Quando considerado o varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, a queda teve como destaque a retração de 5,2% nas vendas de veículos no período. O setor de material de construção, por sua vez, registrou perda de 2,3%.

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