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Em atraso, usina terá de acelerar ritmo de obras

A expectativa é que primeira turbina, que deveria entrar em operação em fevereiro, só comece a funcionar em novembro, se tudo der certo

Por Renée Pereira
Atualização:

Depois de três anos e meio de obras e muitos conflitos, a terceira maior hidrelétrica do mundo entra numa fase crucial. Dentro de 11 meses, a primeira turbina de Belo Monte começará a operar. Será um marco para o projeto, cujos estudos tiveram início há quase 40 anos e envolviam um complexo de seis usinas no Rio Xingu, no Pará. Até lá, no entanto, o empreendimento, de 11.233 MW, terá de evitar contratempos e novas paralisações nas obras, que estão atrasadas. Pelo cronograma original, a primeira turbina deveria entrar em operação em fevereiro de 2015. O prazo não será cumprido e os primeiros 38,8 MW só serão gerados em novembro, se tudo correr dentro do planejado. De fevereiro a novembro, a empresa terá de recorrer ao mercado de curto prazo para cumprir os contratos. O problema é que, por causa da seca que reduziu o nível dos reservatórios, o preço está elevado, o que pode pressionar ainda mais o orçamento da concessionária Norte Energia. A empresa entrou com um pedido na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para isentá-la de responsabilidade pelo atraso nas obras. Mas os primeiros sinais sobre a análise do processo pela Aneel não são favoráveis à companhia. Hoje, o projeto está orçado em R$ 31 bilhões - R$ 5 bilhões acima do valor previsto pela empresa no leilão em 2010. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai financiar R$ 22,5 bilhões do total original. Pelo último balanço da Norte Energia, até 30 de setembro, havia sido liberado R$ 13,8 bilhões. Como o orçamento aumentou, dizem fontes ligadas ao assunto, não está descartada a possibilidade de a empresa negociar o aumento do valor financiado pelo BNDES, além de fazer uma emissão de debêntures no valor de R$ 300 milhões em 2015. O diretor da Norte Energia, Antonio Kelson Elias Filho, afirma que o aumento do volume de investimento de Belo Monte é decorrente da inflação do período e não do aumento de custos. Mas há controvérsias, já que a obra enfrentou várias paralisações e conflitos. A bilionária hidrelétrica de números colossais tem 175 contratos em andamento, que envolvem 40 mil pessoas. "Mas, entre trabalhadores diretos e indiretos, a usina tem cerca de 97 mil pessoas", diz Elias Filho.

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