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Em Davos, ministro diz que Brasil vive ‘situação bipolar’

Marcelo Neri, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, vê excesso de otimismo da população e pessimismo exagerado dos empresários

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Por Fernando Dantas
Atualização:

Atualizado às 15h30

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DAVOS - Marcelo Neri, ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), disse nesta quarta-feira, 22, em Davos, que o Brasil talvez esteja "numa situação bipolar", com excesso de otimismo da população e excesso de pessimismo dos empresários.

Segundo ele, o excesso de otimismo da população pode reduzir a poupança e o esforço educacional, enquanto o excesso de pessimismo dos empresários reduz o investimento. Neri participou do Fórum Econômico Mundial, de um debate sobre a ascensão da classe média no mundo, apresentando números sobre o fenômeno no Brasil.De 2003 até novembro de 2013, segundo seus dados, 54 milhões de brasileiros ascenderam às classes A, B e C, cujo total saiu de 67 milhões para mais de 120 milhões. Notando que 54 milhões formariam o 23º país mais populoso do mundo, Neri disse que se tratava de uma "transformação gigantesca".

Dilma gera expectativa. O presidente do Ipea acha que existe uma assimetria entre a avaliação dos economistas sobre a economia brasileira, baseada no PIB, e a avaliação popular, mais relacionada à renda medida pelas pesquisas domiciliares. Ele indicou que a apresentação da presidente Dilma Rousseff em Davos poderia abordar essa "assimetria".

O Blog do Planalto, mantido pela Presidência da República, divulgou nesta quarta-feira uma entrevista com o fundador e presidente-executivo do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab. No texto, ele diz que os quase 2,5 mil líderes globais e empresários reunidos em Davos estão ansiosos pelo discurso de Dilma nesta sexta-feira.

'Dose de exagero'. Também presente em Davos, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, avaliou que a recente crítica do mercado financeiro à economia brasileira tem certa "dose de exagero". O executivo reconhece que analistas estão mais críticos com alguns pontos da economia, mas diz que é possível "exorcizar" preocupações dos investidores.

É evidente que o Brasil de algumas décadas atrás era um País em desenvolvimento, demorou para chegar à categoria emergente e isso só foi possível depois da estabilização da moeda. A inflação brasileira nos anos 60 e 70 teve uma trajetória muito longa. Em um momento de alguma dúvida, isso aflora uma experiência passada negativa", diz o presidente do Bradesco.

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Petróleo. A presidente da Petrobrás, Maria das Graças Foster, também seguiu a mesma linha e tentou passar uma mensagem de otimismo em Davos.

Ela traçou um panorama positivo do setor de petróleo e gás no Brasil, considerando "fantástico" o break-even (custo a partir do qual há lucratividade) de US$ 54 do pré-sal, dizendo que o arcabouço regulatório é muito claro, enfatizando a participação de dezenas de empresas estrangeiras e afirmando que as regras de conteúdo local são um desafio, mas que vem sendo enfrentado com flexibilidade.

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