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Em Florianópolis, Argentinos já fazem contas para economizar

Com enfraquecimento do peso, turistas tentam economizar e lojistas temem queda nas vendas

Por Fernando Nakagawa
Atualização:

FLORIANÓPOLIS- Uma praia no norte de Florianópolis segue as cotações do peso com atenção. Destino popular entre argentinos, Canasvieiras depende do turismo dos vizinhos e, no comércio, há temor de que o derretimento da moeda da Argentina volte a tornar a viagem cara demais para quem ganha em pesos. Hoje, é preciso entregar sete pesos para receber um real – no verão de 2016, eram 3,5 por um. Assim, o preço de tudo é multiplicado por sete na praia em que a calculadora tem sido mais popular que o protetor solar nesses dias nublados do outono catarinense.

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Florencia Miretti, de 23 anos, e Noelia Rubil, de 22, estavam com o carrinho vazio na tarde da última quinta-feira em um mercado no centro de Canasvieiras. As amigas de Córdoba analisavam preços em reais e convertiam tudo com a calculadora do celular. Pão de forma, salame fatiado e uma garrafa de refrigerante passaram pelo crivo e formavam o cardápio do jantar daquela que seria a quarta noite das férias no Brasil. “Vamos de sanduíche. Tudo vai dar 150 pesos (cerca de R$ 20). É um preço bom”, disse Florencia.

Há temor entre os comerciantes de Florianópolis que desvalorização do peso argentino possa ter impacto negativo nas vendas Foto: Wikimedia Commons

As amigas trabalham em uma fábrica de chocolates na segunda maior cidade argentina e decidiram visitar Florianópolis no fim de abril. Pelo pacote que inclui a viagem de 36 horas de ônibus e a hospedagem de uma semana em uma pousada na vila, pagaram cerca de US$ 400, ou 8,5 mil pesos nos primeiros dias de maio.

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“Se a gente comprasse o pacote hoje, seriam quase 10,5 mil pesos. Eu não conseguiria pagar”, disse Florencia, com ar de alívio olhando para a amiga. Noelia concordou. “Nem eu.” O preço aumentou rapidamente pelo enfraquecimento do peso. No início de maio, 21 pesos eram suficientes para compra um dólar. Agora, são necessários 25 pesos.

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Mercado. A poucos metros dali, a brasileira Simone Ramos tem uma loja de bolsas e calçados. Com a experiência de quem atende argentinos há 14 anos, a lojista não tem dúvida. “Com o peso fraco desse jeito, tudo indica que teremos mais uma época ‘de mercado’ para os argentinos”, diz, ao se referir a uma máxima sempre lembrada entre os lojistas da região: quando o peso está forte, eles vão para o restaurante; quando está fraco, vão para o mercado. 

Florencia e Noelia até tentaram quebrar essa máxima. Na segunda noite no Brasil, foram a um bar. Pediram batatas fritas para começar e jantaram uma pizza. No fim da noite, a conta informava: R$ 100. “Deu uns 700 pesos. Muito caro. Então, vamos de supermercado. Tudo bem. Aqui é lindo”, disse Noelia.

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