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Embraer antecipa em um ano o fim da suspensão de contratos de funcionários

Medida foi tomada em 2016 e visava adequar a força de trabalho da fábrica de São José dos Campos à reduzida demanda internacional; com resultados melhores em 2017, empresa antecipou o término do lay-off

Por Letícia Fucuchima
Atualização:

A Embraer antecipou o fim do acordo de lay-off – suspensão temporária de contratos de trabalho de funcionários – na fábrica em São José dos Campos (SP). O acordo estava previsto para se estender até dezembro de 2018. O programa, que foi anunciado há um ano e iniciado em janeiro de 2017, previa que 1.080 funcionários da Embraer tivessem os contratos suspensos por até cinco meses.

Desde então, 350 trabalhadores da Embraer tiveram de fato seus contratos suspensos, informou o Sindicato de Metalúrgicos de São José dos Campos. Foto: Sergio Castro/Estadão

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O lay-off foi uma resposta à redução de demanda por aeronaves sentida pela empresa no ano passado e fez parte de um acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos. Como o fim do programa foi antecipado em um ano, somente 350 trabalhadores tiveram, de fato, seus contratos suspensos, de acordo com informações do sindicato.

O término dos lay-offs é uma boa notícia para os trabalhadores, de acordo com os sindicalistas, que destacam o “momento positivo” vivido pela Embraer. “A empresa vive uma ótima saúde financeira e, mesmo assim, mantém os trabalhadores à margem deste cenário”, afirmou ontem o vice-presidente do Sindicato, Herbert Claros.

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Com os empregos garantidos, agora o objetivo do sindicato é também negociar um reajuste salarial e uma Participação nos Lucros e Resultados (PLR) mais altos. Os metalúrgicos estão em campanha salarial e já rejeitaram a proposta de reajuste de 1,73%.

Resultados. Essa melhora financeira ficou clara nos resultados do terceiro trimestre deste ano, divulgados no fim de outubro. A Embraer registrou m lucro líquido de R$ 351 milhões de julho a setembro, em comparação ao prejuízo de R$ 111,4 milhões no mesmo período de 2016. Na divulgação do balanço, a companhia informou que esperava cumprir todas as estimativas de entregas e de resultados para o fechamento de 2017.

É um cenário bastante diferente do vivido em 2016, quando a empresa enfrentava queda de pedidos e também custos extras relacionados ao pagamento de propinas no exterior. Inicialmente, o objetivo da fabricante de aeronaves era colocar 2 mil funcionários em lay-off, mas o número caiu praticamente à metade depois da negociação com sindicalistas.

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Em outubro de 2016, a Embraer admitiu ter montado um esquema internacional de distribuição de propinas e concordou em pagar US$ 206 milhões a autoridades dos Estados Unidos e do Brasil. As investigações apuraram o pagamento de vantagens indevidas a autoridades de países como República Dominicana, Arábia Saudita, Índia e Moçambique para garantir a escolha de aeronaves da marca em compras governamentais.

Antes de negociar a suspensão dos contratos com o sindicato, a Embraer também havia aberto um programa de demissões voluntárias (PDV), visando a obtenção de economias anuais da ordem de US$ 200 milhões – ao todo, cerca de 1,6 mil trabalhadores decidiram aderir à saída incentivada à época.

Teste. A Embraer anunciou ontem também que vai iniciar, nas próximas semanas, testes do novo jato de transporte militar KC-390 nos Estados Unidos. É mais um passo para a certificação do cargueiro. A aeronave, a maior já construída no Brasil, passou por incidente que afetou parte da carenagem externa em testes no interior de São Paulo, em outubro. Na ocasião, a Embraer informou que, apesar do problema, todos os sistemas da aeronave se comportaram conforme o esperado. As entregas do KC-90 devem começar em 2018. //COM REUTERS

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