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Energia solar

Por Adriano Pires
Atualização:

Em julho de 2014, a Morgan Stanley publicou o relatório Solar Power & Energy Storage/Policy Factors vs. Improving Economics, apontando o potencial para a exploração da energia solar no mundo, destacando seis regiões/países com maior potencialidade. Para isso, foi desenvolvido um modelo que considera o ganho de economia de energia com a geração solar ao redor do mundo, destacando aspectos regulatórios locais e condições solares. O relatório aponta para uma adição da capacidade de geração solar de 47 gigawatts (GW) até 2020, ampliando em 33% a capacidade atual. China, Japão, EUA, Europa, Índia e Brasil serão responsáveis por mais de 80% desse crescimento: 39 GW. Neste cenário, a China seria a maior responsável pelo aumento, respondendo por 27% da nova oferta global - o país alcançaria 80 GW de capacidade instalada em 2020, a maior entre as regiões consideradas, seguida por Europa e EUA. Na China, a energia solar é uma das três fontes de zero carbono, junto com a eólica e a nuclear, que o governo está incentivando para suprir o crescimento da demanda por energia elétrica. Nos últimos anos, o país tem observado um crescimento expressivo na demanda por energia, o que ocasionou a adição média de capacidade em cerca de 90 GW por ano, de 2009 a 2014, número que representa aproximadamente 8% do total da capacidade instalada americana. O incentivo à solar tem vindo por meio das feed-in-tariffs (FITs), sistema de preços em que o valor pago ao gerador é maior que o da tarifa cobrada pela energia disponível na rede pública, sendo mais vantajoso vender para a rede toda a energia gerada. Já na Europa, por causa do alto custo da energia, a geração solar atualmente é uma opção economicamente atrativa. Os governos europeus utilizam, como forma de incentivo, principalmente, as FITs e benefícios fiscais para incentivar o crescimento da energia solar. Como na Europa, o Japão utiliza as FITs como forma de incentivo à energia solar e obteve muito sucesso permitindo a disseminação rápida do seu uso. Nos EUA, em 43 Estados os proprietários de painéis solares estão autorizados a utilizar o net metering, sistema de medição líquida da energia injetada na rede de distribuição, descontado o consumo, e utilização desse crédito no abatimento da fatura nos meses posteriores. Isso permitiu aos proprietários de painéis solares aproveitarem os ganhos em períodos de geração mais intensa para consumo posterior, evitando assim os custos relacionados ao consumo de energia via distribuidora. Segundo o estudo, pelo rápido declínio dos custos relacionados aos projetos solares e a elevação do custo da energia fornecida pelas distribuidoras, acredita-se num potencial de crescimento solar, mesmo considerando que os 30% do Investment Tax Credit (ITC) - ou desconto dado no Imposto de Renda - diminuam para 10% e as regras de medição do net metering sejam alteradas, levando os clientes a pagarem 50% dos custos fixos de utilização da rede de distribuição. Para o Brasil, é projetado um crescimento de 5 GW entre 2014 e 2020. O Brasil tem um potencial significativo para desenvolver a energia solar, em razão de sua média de irradiação solar elevada em comparação com outros países. Enquanto a Alemanha, atual líder mundial em capacidade instalada, tem irradiação máxima de 3,4 kilowatt-hora por metro quadrado por dia (KWh/m²/dia), o Brasil tem um nível médio de 4 KWh/m²/dia. Atualmente, o Brasil tem uma capacidade instalada de energia solar insignificante, cerca de 10 MW, o que representa apenas 0,01% da matriz elétrica brasileira. Caso se deseje promover um crescimento sustentado da oferta dessa fonte e de outras renováveis, como a eólica, a biomassa e Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), é preciso planejamento, previsibilidade de regras e realização de leilões específicos, tanto em nível federal como estadual, para essas fontes, o que também permitiria o desenvolvimento e a consolidação da cadeia de fornecedores necessária para o atendimento de construção das novas plantas. *Adriano Pires é diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE)

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