A política de subsídios para o setor é antiga. Na década de 1970, quando sobrava água, havia pouca preocupação ambiental e as usinas hidrelétricas produziam energia a preços baixos, vultosos investimentos foram feitos na Região Nordeste por empresas que consomem muita eletricidade e dependem de tarifas baixas. Foram, então, instaladas na Bahia, em Alagoas e Pernambuco fábricas dos Grupos Vale, Gerdau, Paranapanema, Ferbasa, Braskem, Mineração Caraíba e Dow Chemical. Até hoje essas empresas produzem aço inox, cobre, cloro e soda, itens siderúrgicos e ferroliga, gerando empregos, tributos e receita cambial.
Mas essa produção sempre dependeu de energia a preço subsidiado. Hoje, outras companhias argumentam, não sem razão, que investiriam se tivessem acesso à energia barata. Já as empresas interessadas na manutenção dos preços baixos reclamam da insegurança jurídica que a supressão desse benefício poderia gerar e ameaçavam fechar fábricas se a política fosse alterada.
A decisão de prorrogar os contratos não foi pacífica. A Eletrobrás, controladora da Chesf, incorrerá num custo indireto ao vender a preços baixos a energia fornecida às eletrointensivas. Estas incorrerão, agora, num reajuste de 22,5% e terão de contribuir para o Fundo de Energia do Nordeste, criado para estimular investimentos em outras fontes, como a eólica. É tal a importância do tema que as indústrias eletrointensivas propuseram pagar R$ 250 milhões à Chesf para viabilizar outros investimentos.
Em artigo publicado no dia 11/6 pelo Estado, o economista Raul Velloso defendeu a manutenção dos preços para o setor eletrointensivo alertando para o risco de inviabilização dos negócios afetados.
O problema seria menor se o País dispusesse de uma política energética bem formulada e bem executada, capaz de assegurar oferta satisfatória. O modelo elétrico de 2013, já abandonado, criou insegurança jurídica, afastou investidores, elevou o custo da energia e desorganizou o setor, exigindo soluções de emergência para casos de emergência