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Perda de grau de investimento já estava no radar da equipe econômica

O clima, de modo geral, tem sido de irritação no Ministério da Fazenda por conta dessa perspectiva

Por João Villaverde
Atualização:
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy Foto: Zipi/EFE

A perda do grau de investimento por uma das três grandes agências de rating, a S&P, era uma espécie de crônica da morte anunciada pela equipe econômica. Desde a semana passada, as reuniões da área econômica já têm contado com um cenário real da economia sem o grau de investimento, segundo afirmou uma fonte qualificada ao Estado.

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O clima, de modo geral, tem sido de irritação no Ministério da Fazenda por causa dessa perspectiva. Há uma visão consolidada entre os técnicos de que se tratava de algo "evitável" pelo governo. "As projeções cada vez piores do endividamento público, bruto e líquido, foram um claro sinal para as agências de que algo estava diferente", disse a fonte. O governo ainda deve fazer um pronunciamento oficial sobre o assunto.

A reação dos mercados na quinta-feira, 9, será um teste claro do que pode ser o cenário para a economia ao longo de 2016, entende a fonte da equipe econômica. Avalia-se que, sem o selo pela S&P, os preços de ativos, em especial de ações de empresas, deve cair, além de uma elevação da cotação do dólar. Essa deve ser uma resposta imediata, entende a fonte, que, no entanto, avalia que o próprio mercado não deve exagerar no pessimismo. "Não é uma surpresa essa notícia: o próprio mercado, os investidores e analistas já falavam abertamente que o grau estava perdido, então parte importante do movimento de reação já ocorreu, já está precificado", disse a fonte.

Outra mensagem de otimismo, por enquanto, é o fato da S&P ser apenas uma das três agências principais que fazem avaliações da nota de crédito brasileira.

Para as demais, Moody's e Fitch, o grau de investimento permanece. Isso ainda serve de alento, segundo a fonte da equipe econômica, para que, no curto prazo, os mercados não reajam tão fortemente à notícia. Sem mudanças, como um pacote de aumento de tributos combinado a cortes de despesas obrigatórias, a própria equipe de economistas do governo avalia que as demais agências vão seguir a S&P e rebaixar o Brasil.

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