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Espanhola Ferrovial se prepara para disputar leilão de aeroportos no País

Empresa confirma o interesse em participar da concessão dos terminais de Salvador, Florianópolis, Porto Alegre e Fortaleza; apesar de governo ter pressa, especialistas dizem leilão deve ficar para 2017

Por Fernando Nakagawa , Luciana Collet (Broadcast) e Victor Aguiar
Atualização:

MADRI e SÃO PAULO - O presidente da Ferrovial Agroman, Alejandro de la Joya, disse nesta quinta-feira, 7, em Madri, que a empresa espanhola está interessada na concessão dos quatro novos aeroportos no Brasil. O executivo do grupo, que tem uma construtora e opera terminais na Europa, afirmou que eventual participação da companhia nos leilões será “ativa” nos consórcios. Segundo apurou o ‘Estado’, a espanhola vem para reforçar o interesse nas concessões. De acordo com fontes próximas ao processo, a lista já inclui outros estrangeiros, a maior parte deles da Europa.

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“Estamos interessados e acompanhamos essas quatro privatizações. Não há decisão, todavia, em função da composição com os sócios que conseguiremos e onde pode haver maior sinergia”, disse de la Joya, durante palestra realizada no 15.º Encontro Santander América Latina, na capital espanhola. O governo já anunciou que oferecerá à iniciativa privada os terminais de Florianópolis, Fortaleza, Porto Alegre e Salvador.

Questionado sobre como deverá ser a atuação da empresa, que já administra terminais aeroportuários como Heathrow, em Londres, De la Joya disse que a Ferrovial “gosta de ter participação ativa”. “Se eu posso ter uma participação ativa com 40%, não faz falta ter 51% do consórcio”, disse, ao explicar que não há “numero mágico” para a costura de consórcios.

Fortaleza é um dos quatro aeroportos da Infraero na lista das próximas concessões à iniciativa privada Foto: Marlon Costa|Futura Press

O executivo reconheceu que a frágil situação do setor de construção no Brasil pode gerar espaço para a entrada mais forte de construtores e operadores estrangeiros. “Mas preferimos que as empresas locais tenham boa forma”, disse a jornalistas, após painel sobre a infraestrutura na América Latina.

De la Joya nega que a empresa esteja avaliando algum empreendimento já concedido à iniciativa privada e que esteja procurando novo sócio. O executivo citou, porém, que “neste momento não temos nenhuma concessão de rodovias, mas sempre estamos de olho”.

Tempo. Apesar de o projeto de privatizações ser prioritário para reforçar o caixa do governo, a expectativa é de que falte tempo para conseguir realizar o leilão dos aeroportos ainda este ano.

Na melhor das hipóteses, disse uma fonte do setor, o edital deverá ser lançado este ano, com o evento ficando para janeiro de 2017. No discurso oficial, no entanto, o governo planeja fazer a licitação ainda no segundo semestre. O processo de audiência pública sobre o tema foi concluído no último dia 20.

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Apesar do interesse estrangeiro, o fator impeachment ainda pesa contra o andamento do processo, uma vez que o afastamento da presidente Dilma Rousseff ainda é temporário. “Os olhos (dos investidores) estão abertos, mas há receio por causa da instabilidade política”, disse Ricardo Medina, especialista em infraestrutura do L.O. Baptista-SVMFA.

Para Medina, a conclusão do processo será determinante para o retorno dos investimentos do País: “É o turning point (ponto de inflexão), porque o Brasil passa a ter um navegador definido. Supera-se uma etapa e o investidor sabe definitivamente com quem tem que falar. Hoje não há muita certeza sobre a linha que o País vai tomar.”

Disputa. O Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, apurou que os espanhóis estão longe de ser os únicos interessados nos ativos que o governo quer leiloar.

Segundo fontes que acompanham o processo de perto, a alemã Fraport, a suíça Zurich Airport, a francesa Aéroports de Paris (ADP), a argentina Corporación América, as norte-americanas ADC & HÁS e DFW Airport e a teuto-canadense Avianlliance (ex-Hochtief) também estariam avaliando os projetos. Algumas delas já teriam até mesmo acertado parceria com empresas nacionais – uma delas seria a Avialliance, que está alinhada ao Pátria Investimentos.