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'Estamos em uma fase de aumento temporário da inflação', diz ministro

Nelson Barbosa, do Planejamento, afirmou que os juros altos estão relacionados com a questão da inércia inflacionária e que é preciso combater aumento dos preços

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Francisco Carlos de Assis (Broadcast) e Álvaro Campos
Atualização:

SÃO PAULO - O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, afirmou nesta sexta-feira, 22, que os juros altos estão relacionados com a questão da inércia inflacionária. Nesse sentido, para combater a inércia é preciso combater a inflação. "Estamos em uma fase de aumento temporário da inflação", disse, durante debate com o ex-ministro Delfim Netto e o diretor de pesquisa macroeconômica do Bradesco, Octavio de Barros, em evento foi promovido pela revista Carta Capital, em São Paulo.

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Ele apontou que o mercado também tem essa visão, já que há um aumento das expectativas de inflação para este ano, mas redução nas expectativas para 2016. "A expectativa do mercado é de desinflação de quase 3 pontos porcentuais já no próximo ano", afirmou.

Para o ministro, é preciso aumentar a eficácia da política monetária, o que está relacionado com a penetração do crédito. Segundo Barbosa, o crédito direcionado teve uma função importante durante a crise financeira mundial, mas "já cumpriu seu papel". Para Barbosa, esse tipo de crédito não vai sumir, mas é preciso aumentar a participação do crédito livre na economia.

Para o ministro, à medida que os resultados das políticas econômicas vão aparecendo, as expectativas vão melhorando. "Quando se toma medidas responsáveis, graduais, os resultados podem demorar, mas aparecem", afirmou.

Nelson Barbosa participou de evento promovido pela revista 'Carta Capital' Foto: Andre Dusek/Estadão

Carga tributária. Segundo Barbosa, neste momento não há nenhuma possibilidade de reduzir a carga tributária, de fazer novas desonerações, mas é possível reduzir a complexidade do sistema tributário. O ministro citou como exemplo a batalha pela reforma do ICMS, que aumentaria bastante a produtividade da economia brasileira, eliminando uma incerteza que paria sobre as empresas e os governos estaduais. 

O ministro também comentou que o governo, em especial o Ministério da Fazenda, trabalham há alguns meses para aperfeiçoar o sistema do BNDES, como por exemplo ajustando a fatia dos empréstimos concedidos pelo banco que é tachada pela TJLP. 

Concessões. O modelo de concessões em infraestrutura, que será lançado pelo governo no dia 9 de junho, será aperfeiçoado e ampliado, segundo o ministro. 

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Só em rodovias, o governo estuda licitar projetos que podem demandar R$ 12 bilhões em investimentos ao longo do período de concessão. Investimentos adicionais em unidades que já estão sob concessão somariam outros R$ 12 bilhões, segundo Barbosa.

"A ideia é que isso seja um processo contínuo, como acontece na área de energia, em que há leilão todo ano, até que consigamos chegar a uma estrutura em que as principais rodovias com viabilidade econômica sejam concedidas", comentou o ministro.

Superávit. Barbosa disse ainda que a meta de superávit primário passou de 1,2% para 1,1% do PIB. No entanto, disse ele, a meta nominal continua sendo a mesma, de R$ 66 bilhões. A mudança do porcentual da meta, de acordo com Barbosa, se deu em função da revisão do PIB pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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