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Meirelles reconhece que governo não tem votos suficientes para aprovar a reforma da Previdência

Na primeira visita oficial de um titular da Fazenda ao Amazonas em quatro décadas, o ministro afirmou que a pasta está revendo para cima as previsões de crescimento do PIB em 2018 e que só decidirá sobre candidatura no fim de março

Foto do author Eduardo Laguna
Por Eduardo Laguna (Broadcast) e André Ítalo Rocha
Atualização:

MANAUS – O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reconheceu nesta quinta-feira, 7, que o governo segue sem votos suficientes para levar a reforma da Previdência ao plenário da Câmara, mas ressaltou que o Planalto continua fazendo "todo o esforço" para a aprovação da proposta de emenda constitucional na Casa Legislativa ainda neste ano.

Citando relatos dados no jantar com lideranças partidárias e o presidente Michel Temer na última quarta-feira, 6, no Palácio do Alvorada, ele destacou que o apoio à matéria vem progredindo.

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O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Foto: Dida Sampaio/AE

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"Ainda faltam alguns votos, mas é um processo em evolução. Temos diversos relatos, que tivemos ontem (quarta-feira) de diversos partidos, das diversas bancadas, (mostrando que) esse é um processo em evolução. Isso é, estamos indo na direção certa", comentou o titular da Fazenda. "Cada semana é melhor do que a semana anterior", acrescentou Meirelles, em entrevista dada após proferir palestra na Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), em Manaus.

O ministro preferiu, no entanto, não cravar datas de votação ou detalhar quantos votos ainda precisam ser conquistados. Nesta quinta-feira, no entanto, o líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), afirmou que combinou com o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o início da votação da reforma da Previdência no dia 18 de dezembro, uma segunda-feira.

PIB. Meirelles disse também que a pasta está revendo para cima as previsões ao crescimento da economia. Segundo ele, o PIB deve crescer mais do que os 2,5% previstos atualmente para os próximos 12 meses. Recentemente, ele projetou aumento de 3% do PIB no ano que vem.

"A ideia é crescer mais ainda em 2019 e 2020", disse em palestra sobre desafios da economia na Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam). Potencial candidato à Presidência da República nas eleições do ano que vem, Meirelles faz nesta quinta-feira em Manaus a primeira visita oficial de um titular da pasta ao Amazonas em quatro décadas.

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Candidatura. O ministro da Fazenda reafirmou que a decisão sobre sua candidatura à Presidência da República no ano que vem só será tomada no fim do primeiro trimestre.

"A data de decisão sobre candidatura para quem ocupa cargo público é o final de março. O que vou fazer é me dedicar 100% ao trabalho como ministro da Fazenda e no fim de março, aí sim, vou avaliar essa situação e tomar uma decisão sobre um possível passo seguinte", disse Meirelles, filiado ao PSD.

Despesas. Durante a palestra, ele voltou a alertar sobre os riscos de não se aprovar a reforma da Previdência – segundo o ministro, as despesas do governo federal com pensões e aposentadorias, que hoje representam cerca de 50% do orçamento, podem chegar a 80%. "Se nada for feito, as despesas não caberão no teto do gastos", afirmou ao público na Fieam.

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Ele lembrou que o governo tem ajudado Estados que estão em situação fiscal grave por causa de gastos com a Previdência. "Estamos nos prevenindo para que isso não aconteça no âmbito da União", disse o ministro, em referência ao orçamento federal. "Quero que todo brasileiro tenha certeza de que terá aposentadoria", acrescentou Meirelles.

O ministro argumentou ainda que a idade média de aposentaria no Brasil é de 59 anos, enquanto no México é de 72 anos. Disse também que poucos conseguem se aposentar por tempo mínimo de contribuição (35 anos) e que, com a reforma, os mais pobres vão se aposentar mais cedo.

Teto. De acordo com o titular da Fazenda, as despesas federais, que saíram de 10,8% do PIB em 1991 para 20% em 2016, chegariam a 25% se não fosse a PEC do teto dos gastos.

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Em seu discurso, enquanto mencionava a evolução dos indicadores econômicos durante o governo Michel Temer, ele citou que a inflação em 12 meses caiu de 9,3% em maio de 2016 para 2,7% em novembro deste ano. Ao final de sua fala, ele afirmou que o brasileiro quer emprego, renda e inflação baixa e convocou todos "para trabalharmos juntos para o Brasil crescer".

40 anos. O ministro foi a Manaus para proferir uma palestra sobre os desafios da economia brasileira. Ao anunciar a presença de Meirelles, o presidente da entidade, Antonio Carlos da Silva, lembrou que o Estado não recebia um ministro da Fazenda há 40 anos e defendeu em seu discurso os incentivos dados à Zona Franca de Manaus em razão das dificuldades de logística enfrentadas “até hoje” pelas empresas que se instalam na região.

“O Amazonas foi o mais atingido pela crise com a queda de empregos acima da média. Perdemos quase US$ 20 bilhões em faturamento e quase 50 mil empregos”, disse o executivo.

O auditório da Fieam esteve lotado para ouvir o ministro, que foi acompanhado pelo governador Amazonino Mendes, bem como pelo senador Omar Azis (do PSD, mesmo partido de Meirelles) e pelo deputado Pauderney Avelino (DEM-AM).

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