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'Estou arrasado, só fiz trabalhar', lamenta metalúrgico demitido pela Volkswagen

Metalúrgico acredita que empresa vê nele apenas um número

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Por Márcia De Chiara
Atualização:
Demitido,Adalto se surpreendeu com perda do emprego Foto: Amanda Perobelli/Estadão

O metalúrgico Adalto Silva Ramos, de 51 anos, casado e pai de três filhos, é um dos 800 trabalhadores da fábrica da Volkswagen de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que foram demitidos no início deste ano.

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Na sexta-feira, 2 de janeiro, quando se preparava para retornar das férias coletivas na última segunda-feira, ele recebeu uma carta da empresa convocando-o a comparecer no departamento pessoal da montadora.

“Estou arrasado”, diz Ramos, que trabalha na Volks há cerca de 20 anos e que deveria se aposentar em meados do ano que vem. Ele diz que se considera um profissional no que faz e que sempre executou o seu trabalho da melhor maneira possível, mas que a empresa encara ele e seus colegas como apenas um número.

Atrás de cada um dos 800 demitidos existem ao menos duas ou três pessoas que dependem dos rendimentos desses trabalhadores, lembra o metalúrgico.

Com um salário mensal de R$ 4,8 mil que recebe por trabalhar na seção de funilaria industrial da fábrica Anchieta, a mais antiga da Volks no Brasil, o metalúrgico diz que nos últimos tempos controlou os gastos porque pressentia que ocorreria algo negativo em relação à empresa. 

Mas, mesmo assim, a sua situação financeira vai se complicar com a demissão. É que ele tem duas filhas que estão em plena fase escolar, período no qual os gastos com estudo são elevados, com material, cursinho e inscrições em exames. “Sou metalúrgico desde os 14 anos de idade e a única coisa que eu fiz na minha vida foi trabalhar e dar educação para os meus filhos”, diz, preocupado com a sua situação e dos demais companheiros.

Ramos diz que pretende lutar pelos seus direitos junto com os demais companheiros para reverter as demissões. “Se não fizermos nada, a empresa daqui um tempo vai demitir mais 1.300 trabalhadores para atingir o que ela quer.” 

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Mercado. De acordo com o metalúrgico, a montadora diz que os cortes são por causa do enfraquecimento do mercado. Na sua opinião, a empresa não investiu na fábrica Anchieta e por isso, chegou-se a esse ponto.

Se o desfecho desse episódio for mesmo a demissão, Ramos planeja com a indenização recebida iniciar alguma atividade por conta própria com a ajuda da sua mulher até conseguir uma nova recolocação no mercado de trabalho.

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