Estudo mostra estagnação na redução da desigualdade no Brasil entre 2011 e 2014
A partir de informações da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios, foram avaliados dados sobre longevidade, educação e renda
Por Ligia Formenti
Atualização:
BRASÍLIA - O Brasil perdeu a batalha para redução da desigualdade nos primeiros quatro anos desta década. Estudo feito pelo Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD)em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro mostra que a distância entre grupos mais ricos e mais pobres da população seguiu inalterada entre 2011 e 2014 e com diferença considerada pouco expressiva com relação a 2000.
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Uma das coordenadoras do trabalho, a Andrea Bolzon, do Pnud, avalia que programas de transferências de renda ea política de valorização do salário mínimo exerceram umaproteção de grupos mais vulneráveis, mas, sozinhos, não foram suficientes para diminuira grande distância entre ricos e pobres. Para avançar na redução dessa diferença, avalia, seria importante a adoção de outras medidas, como, por exemplo, a taxação de grandes fortunas.
Para autores, não há ainda como se mensurar qual o impacto das propostas de ajuste econômico feito pelo governo nos indicadores de desenvolvimento humano do País.. "Temos de aguardar",avaliou Marco Costa, um dos autores do trabalho.
IDH: Os 20 melhores e os 20 piores distritos de São Paulo
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IDH - São Paulo
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida comparativa de riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, natalidade e outros fatores.... Foto: Hélvio Romero/EstadãoMais
Os piores: 20 - Jaraguá
O Jaraguá, na zona norte, é o 20º distrito com pior IDH - ou 77º no ranking geral de 96 na cidade, com 0,791 Foto: Luiza Mandetta
Os piores: 19 - Sapopemba
Em 78º, odistrito de Sapopemba, na zona leste, é o 19º pior da capital paulista, com IDH de 0,786 Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
Os piores: 18 - Capão Redondo
O Capão Redondo, na zona sul, apresenta o 18º IDH mais baixo da cidade de São Paulo, com 0,782; entre 96, aparece apenas na 79ª posição Foto: Tiago Queiroz/Estadão
Os piores: 17 - Vila Jacuí
Com 0,779, a Vila Jacuí, na zona leste, tem o 17º índice mais baixo da cidade, o 80º no geral Foto: Epitácio Pessoa/Estadão
Os piores: 16 - Pedreira
Pedreira, na zona sul, apresenta IDH de 0,777, sendo o 16º pior da capital paulista - ou o 81º no geral Foto: Divulgação
Os piores: 15 - Anhanguera
Anhanguera, na zona norte, tem IDH de 0,774, ocupando a 82ª posição entre 96 distritos paulistanos, o 15º mais baixo Foto: Divulgação
Os piores: 14 - Perus
Também na zona norte está localizado o distrito de Perus; oIDH de 0,772 o coloca na 83ª posição, a 14ª pior de São Paulo Foto: Hélvio Romero/Estadão
Os piores: 13 - Brasilândia
O 13º pior IDH entre os distritos é o da Brasilândia -0,769; no geral, é o 84º Foto: Werther Santana/Estadão
Os piores: 12 - Guaianases
Com 0,768, Guaianases, na zona leste, tem o 12º pior índice da cidade, o 85º de 96 Foto: Werther Santana/Estadão
Os piores: 11 - São Rafael
Também na zona leste está São Rafael, com IDH de 0,767, o 11º pior da capital paulista - ou 86º melhor Foto: Divulgação
Os piores: 10 - Cidade Tiradentes
Outro distrito localizado na zona leste que aparece entre os piores é a Cidade Tiradentes, com IDH de 0,766, na 87ª colocação, a 10ª pior Foto: Robson Fernandjes/Estadão
Os piores: 9 - Vila Curuçá
O 9º pior IDH de São Paulo é o da Vila Curuçá:0,765; o distrito da zona leste é o 88º entre 96 Foto: André Lessa/Estadão
Os piores: 8 - Itaim Paulista
Vizinho à Vila Curuçá, o Itaim Paulista, também na zona leste, tem o 8º pior IDH da capital paulista, com 0,762, o 89º no ranking geral Foto: Paulo Liebert/Estadão
Os piores: 7 - Grajaú
O Grajaú, na zona sul, tem IDH de 0,754, o 7º menor da cidade de São Paulo; entre 96, é o 90º Foto: Werther Santana/Estadão
Os piores: 6 - Jardim Helena
Com IDH de 0,751, o Jardim Helena, na zona leste, aparece na 91ª posição, apresentando o 6º pior índice Foto: Werther Santana/Estadão
Os piores: 5 - Iguatemi
Também na zona leste, o distrito de Iguatemi tem o mesmo IDH do Jardim Helena (0,751) e aparece na 92ª posição, a 5ª pior da cidade Foto: JB Neto/Estadão
Os piores: 4 - Jardim Ângela
O Jardim Ângela, na zona sul, tem o 4º menor IDH entre os distritos de São Paulo: 0,750; no ranking geral, é o 93º Foto: Tiago Queiroz/Estadão
Os piores: 3 - Lajeado
Na zona leste está o distrito com o 3º pior IDH da cidade: Lajeado (94º), com 0,748 Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Os piores: 2 - Parelheiros
Com 0,747, Parelheiros, na zona sul, apresenta o 2º menor IDH da cidade; o distrito aparece na 95ª posição entre os 96 distritos paulistanos Foto: JF Diório/Estadão
Os piores: 1 - Marsilac
Distrito localizado mais ao sul da cidade de São Paulo, Marsilac tem o menor IDH entre os 96 da capital paulista: 0,701. Confira a seguir os que apres... Foto: Paulo Liebert/EstadãoMais
Os melhores: 20 - Campo Grande
O 20º melhor IDH da cidade de São Paulo é do distrito de Campo Grande, na zona sul, com 0,921 Foto: Divulgação
Os melhores: 19 - Santana
Com 0,925, Santana, na zona norte, dispõe do 19º maior índice na capital paulista Foto: Hélvio Romero/Estadão
Os melhores: 18 - Butantã
Butantã, na zona oeste, tem IDH de 0,928, o 18º maior da cidade de São Paulo Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Os melhores: 17 - Santa Cecília
O distrito de Santa Cecília, na região central de São Paulo, apresenta o 17º maior IDH da cidade: 0,930 Foto: Werther Santana/Estadão
Os melhores: 16 - Campo Belo
Com índice de 0,935, o Campo Belo, na zona sul, aparece na 16ª posição Foto: Acervo/Estadão
Os melhores: 15 - Liberdade
O tradicional distrito da Liberdade, na região central da capital paulista, tem o 15º maior IDH: 0,936 Foto: Evelson de Freitas/Estadão
Os melhores: 14 - Tatuapé
Com o mesmo IDH da Liberdade (0,936), o Tatuapé, na zona leste, aparece na 14ª colocação Foto: ESTADÃO
Os melhores: 13 - Morumbi
O Morumbi, na zona sul, tem o 13º IDH mais alto da cidade: 0,938 Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Os melhores: 12 - Bela Vista
A Bela Vista, na região central da capital paulista, apresenta índice de 0,940, o 12º maior entre os 96 distritos Foto: Felipe Rau/Estadão
Os melhores: 11 - Lapa
Com IDH de 0,941, a Lapa, na zona oeste, ocupa a 11ª colocação Foto: Hélvio Romero/Estadão
Os melhores: 10 - Saúde
A Saúde, na zona sul, tem o 10º melhor IDH entre os 96 distritos paulistanos:0,942 Foto: Tiago Queiroz/Estadão
Os melhores: 9 - Santo Amaro
Com índice de 0,943, odistrito de Santo Amaro, na zona sul, é o 9º melhor da capital paulista Foto: Werther Santana/Estadão
Os melhores: 8 - Consolação
O distrito da Consolação, na região central da capital paulista, apresenta o 8º maior índice: 0,950 Foto: Werther Santana/Estadão
Os melhores: 7 - Vila Mariana
Com o mesmo IDH da Consolação (0,950), a Vila Mariana aparece na 7ª colocação Foto: Ayrton Vignola/Estadão
Os melhores: 6 - Itaim Bibi
O Itaim Bibi, na zona sul, tem IDH de 0,953, o 6º melhor da cidade Foto: Clayton de Souza/Estadão
Os melhores: 5 - Alto de Pinheiros
Alto de Pinheiros, na zona oeste, apresenta IDH de 0,955, o 5º índice mais alto da cidade de São Paulo Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Os melhores: 4 - Jardim Paulista
Com índice de 0,957, o Jardim Paulista, na zona oeste, apresenta o 4º maior IDH da cidade Foto: Rafael Arbex/Estadão
Os melhores: 3 - Perdizes
Com o mesmo índice do Jardim Paulista (0,957), Perdizes, também na zona oeste, aparece em 3º Foto: Márcio Fernandes/Estadão
Os melhores: 2 - Pinheiros
O 2º IDH mais alto de São Paulo é do distrito de Pinheiros, na zona oeste: 0,960 Foto: JF Diório/Estadão
Os melhores: 1 - Moema
Entre os 96 distritos paulistanos, o que tem o maior IDH é Moema, na zona sul:0,961 Foto: Daniel Teixeira/Estadão
O estudo lançado hoje é batizado de Radar IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano de Município). Os resultados são obtidos a partir da análise das informações da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (PNAD) e têm como objetivo "atualizar" um outro indicador, o IDHM que, por sua vez, é feito a partir dos dados do Censo, coletados a cada 10 anos.
Tanto Radar IDHM como o IDHM são compostos por três indicadores de desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. São cinco classificações: muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto.
Os dados do Radar IDHM mostram que, apesar da crise, os indicadores de desenvolvimento humano no Brasil melhoraram ao longo de 2011 e 2014. No período, afirmam os autores, a expectativa de vida melhorou, os anos de estudo aumentaram e até mesmo a renda se elevou. O relatório atribui o avanço no início da década à natureza dos dados. Os indicadores avaliados teriam sensibilidade diferente ao desempenho da economia. Os efeitos da crise também seriam amortizados em parte pela rede de proteção social existente no País.
A melhora foi mantida, mas numa velocidade muito menor do que em outros períodos. O IDHM apresentou um crescimento anual de 1% entre 2011 e 2014. O ritmo foi inferior ao crescimento apresentado na década 2000-2010, quando a média de crescimento do IDHM foi de 1,7% ao ano - uma redução de 41%.
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A longevidade e a educação cresceram no período, mas também num ritmo menor do que o identificado entre 2000 e 2010. A queda na velocidade foi, respectivamente, de 50% e 55%.
Autores do trabalho mostraram-se especialmente preocupados com o desempenho na área da educação. "Esse é o grande gargalo", constata Andrea. O documento chama a atenção, por exemplo, para a estagnação no porcentual de pessoas com 18 anos ou mais que apresentem ensino fundamental completo. Em 2011, representavam 60,1% do total. Em 2014, eram 61,8%.
Curiosamente, a renda apresentou nos primeiros quatro anos desta década um avanço mais rápido do que entre 2000 e 2010. Pesquisadores não esconderam a surpresa com os dados da renda e lançaram dúvidas sobre o que vai acontecer com próximos dados, sobretudo com o agravamento da crise econômica.
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As diferenças existentes no Brasil ficam evidentesquando se analisam os dados de Estados. Em Santa Catarina, a esperança de vida ao nascer é de 78,4 anos - 14 a mais do que a esperança de nascidos no Maranhão. As oportunidades de renda também destoam de acordo com a localização. A renda per capita no Distrito Federal, de R$ 1.606, é quatro vezes maior do que a apresentada em Alagoas, R$ 414.
Tamanha disparidade se reflete nos indicadores do País. Brasil apresenta um mix de classificações de desenvolvimento humano. No quesito educação, por exemplo, são encontrados Estados com todas as classificações de IDH. Pará e Sergipe são considerados de baixo desenvolvimento humano. Outros 16 são classificados como de médio desenvolvimento, oito estão no grupo de alto desenvolvimento e São Paulo, considerado como de desenvolvimento humano muito alto.