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Europa confirma retaliação aos EUA em caso de tarifas ao aço e alumínio

Além do aço e do alumínio procedentes dos EUA, que também seriam sobretaxados, produtos simbólicos como calças jeans da marca Levi's, motocicletas Harley Davidson e whisky bourbon seriam sobretaxados na Europa

Por Andrei Netto e correspondente
Atualização:

PARIS - O risco de guerra comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia cresceu nesta quarta-feira, 7, com o anúncio feito por Bruxelas de que retaliará em até três meses se Washington cumprir a ameaça de impor tarifas para a importação de aço e alumínio. 

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As áreas da economia americana afetadas seriam tanto a indústria metalúrgica, quanto setores simbólicos da indústria e da agricultura do país - com baixo impacto sobre os consumidores europeus. Em paralelo, medidas de salvaguarda contra o aço e o alumínio produzido em países como Canadá, China e Brasil poderiam ser adotadas para evitar a "invasão" do mercado europeu.

Além do aço e do alumínio procedentes dos EUA, que também seriam sobretaxados, produtos simbólicos como calças jeans da marca Levi's, motocicletas Harley Davidson e whisky bourbon seriam sobretaxados na Europa Foto: Levi's

Na semana passada o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a intenção de impor barreiras alfandegárias globais da ordem de 25% para as importações de aço e de 10% sobre o alumínio, alegando segurança nacional. 

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Nesta quarta-feira, a comissária europeia do Comércio, Cecilia Malmström, apresentou as linhas gerais da eventual represália europeia, nas normas da Organização Mundial do Comércio (OMC), que incidiria sobre uma cesta de produtos no valor de 2,8 bilhões de euros - o estimado das barreiras americanas.

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Além do aço e do alumínio procedentes dos EUA, que também seriam sobretaxados, os produtos atingidos pela alta de impostos europeus, ainda não revelados, teriam valor econômico, político e simbólico, mas com baixo impacto sobre a economia do bloco. 

Jeans Levi's, motocicletas Harley Davidson e whisky bourbon, os exemplos citados no final da semana pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, foram indiretamente confirmados como parte do pacote pela comissária de comércio. 

Cecilia Malmström, entretanto, reiterou que espera não ter de impor barreiras. "Nós poderemos decidir fazê-lo, mas também poderemos esperar. Depende das medidas implementadas (nos EUA) e por quanto tempo", afirmou a comissária.

Entre os produtos cogitados estão o suco de laranja, os oxicocos, a manteiga de amendoim, além dos jeans, motocicletas e whisky. "Uma lista provisória está em discussão e será publicada em breve", confirmou Cecilia Malmström, que não mencionou marcas ou fabricantes específicos americanos atingidos pelas retaliações. "Haverá produtos em aço, industriais e agrícolas", disse ela, referindo-se ainda a "calças de trabalho, de algodão, para homens".

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Essas medidas, ditas de "reequilíbrio" por Bruxelas, compensariam o valor das barreiras americanas beneficiadas pelas medidas protecionistas dos EUA - que Trump chamou de resposta à "concorrência desleal" de produtores estrangeiros, em especial da China. 

A retaliação da União Europeia, frisou a comissária, seria efetiva em até três meses. "Nós teremos de tomar medidas para proteger os empregos europeus", alegou a comissária.

A lista ainda está em discussão entre negociadores dos 28 países-membros da UE e deve ser apresentada em definitivo na próxima quarta-feira, 14, após reunião do Colégio de Comissários Europeus. 

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Cecilia Malmström reiterou que espera que Washington reveja suas ameaças e não imponha as barreiras alfandegárias. "Ninguém sai vencedor de uma guerra comercial", justificou. "Se não forem aplicadas, será melhor. Nós poderemos então trabalhar com nossos amigos americanos e outros aliados sobre o coração deste problema (do aço e do alumínio), que é a superprodução."

Brasil. A eventual guerra comercial entre os EUA e a UE pode atingir ainda os interesses da indústria metalúrgica do Brasil. Bruxelas confirma que poderá adotar "medidas de salvaguarda" para evitar que aço e alumínio produzido em países como Brasil, China e Canadá "invadam" o mercado europeu em razão das dificuldades que enfrentarão para a venda no mercado americano. 

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