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Falha deixa bancos sem processar pagamentos de cartão por uma semana

Problemas ocorreram somente na semana passada, em meio à implementação de uma nova regra do Banco Central, e repasses pelo período ainda estão em atraso; executivos afirmam que o sistema já opera normalmente

Foto do author Aline Bronzati
Por Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:

Às vésperas da Black Friday, a segunda data mais importante do ano para o varejo, lojistas de diferentes portes sofreram com atrasos nos pagamentos que deveriam receber pelas compras feitas com cartões nos estabelecimentos comerciais. Os problemas ocorreram na semana passada, em meio à implementação de uma nova regra do Banco Central, e os grandes bancos de varejo esperam resolver a situação até esta sexta-feira, 24.

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A falha no repasse dos pagamentos, que afetou milhares de lojistas, foi ocasionado por questões operacionais com a mudança na forma como a liquidação de operações com cartões é feita, antes pelas próprias instituições financeiras e que passou a ser centralizada na Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), entidade sem fins lucrativos e que presta serviços para o mercado financeiro.

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A falha no repasse dos pagamentos foi ocasionada por questões operacionais com a mudança na forma como a liquidação de operações com cartões é feita. Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 12/12/2013

Os problemas na implementação do novo sistema, que estava em testes na semana passada, provocou atrasos nos pagamentos a diversos lojistas de diferentes portes, de pequenos a grandes grupos, de acordo com fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast. Não há estatísticas do número de estabelecimentos impactados, mas, conforme executivos do setor de cartões, o reflexo foi "pontual" diante do tamanho do mercado no Brasil. O setor, conforme a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), processa e liquida mais de 12 bilhões de transações, com um volume financeiro previsto de mais de R$ 1,2 trilhão neste ano.

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Uma alternativa usada para evitar que o problema se alastrasse foi a transferência de recursos via TED por parte das credenciadoras, como Cielo e Rede, aos lojistas. No entanto, a partir da última segunda-feira, dia 20, as empresas não puderam mais recorrer a contingências, conforme o prazo estabelecido pelo próprio BC. Com isso, relatam executivos do mercado ao Estadão/Broadcast, alguns lojistas ficaram sem receber os seus pagamentos. Segundo eles, o sistema opera normalmente nesta semana e os atrasos são apenas referentes à semana passada.

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"Foram encontrados problemas pontuais que têm sido tratados ao longo da semana. A maior parte deles já foi sanada até o presente momento. As equipes técnicas estão trabalhando sem interrupção para solucionar pontos residuais até o final desta semana", informou a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em nota ao Estadão/Broadcast.

Cada lado. De acordo com o Banco Central, o resultado da liquidação centralizada está "dentro do previsto". "Os problemas relatados, contudo, não dizem respeito à liquidação centralizada propriamente e refletem dificuldades pontuais de algumas poucas instituições financeiras", destaca o regulador, acrescentando que a área de supervisão do Banco Central tem cobrado dessas instituições "solução tempestiva" para as dificuldades relatadas.

A mudança na forma como a compensação e liquidação dos pagamentos com cartões é feita foi motivada, de acordo com fontes, de um pleito dos pequenos adquirentes que reclamavam da dificuldade na comunicação com os bancos, até então responsáveis pelo processo. A centralização na CIP gerou ao sistema de cartões brasileiro, de acordo com estimativas de especialistas, custos da ordem de R$ 100 milhões.

A justificativa para o investimento foi de que o sistema de pagamentos brasileiro passaria a ser mais eficiente. Executivos do setor reclamam, contudo, além do desembolso para a troca na liquidação dos pagamentos, do tempo para a mudança. Para alguns, ao contrário de economia, aumentarão os custos do sistema, uma vez que a CIP é um elemento adicional.

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"O setor propôs que a mudança fosse testada por mais tempo, adiando a implementação para o ano que vem, longe das datas importantes para o varejo, por conta da complexidade do desenvolvimento da liquidação centralizada", reclama um executivo do setor, na condição de anonimato.

O novo sistema foi implementado no último dia 13 de novembro, às vésperas do que se tornou uma das datas mais importantes para o varejo brasileiro: a Black Friday. A principal queixa do mercado de cartões é de que os testes da nova sistemática não foram feitos na intensidade e tempo necessários.

"O novo processo, embora simplifique o trânsito de recursos, é de implementação complexa, uma vez que estão envolvidos 48 instituições financeiras e 21 credenciadores e subcredenciadores, com aproximadamente 220 milhões de pagamentos a cada mês", reforça a Febraban.

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O BC garante, entretanto, que a nova sistemática de pagamentos "elimina as ineficiências trazidas pela existência de múltiplos prestadores de serviço de compensação e de liquidação para um mesmo arranjo de pagamento". Acrescenta ainda que a mudança tem "potencial para reduzir custos na indústria".

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