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‘Faz uns sete meses que não compro um saco de cimento’

Segundo o prefeito de Oliveira Fortes, Ilário Lacerda, cidade sofre com a falta de itens básicos

Por Renée Pereira
Atualização:

O almoxarifado da prefeitura de Oliveira Fortes, no Sudeste de Minas Gerais, é o retrato fiel do caixa da prefeitura. Falta de tudo. Do mais básico, como uma fita veda rosca, até ferramentas e material de construção. “Faz uns sete meses que não compro um saco de cimento”, afirma o prefeito da cidade, Ilário Lacerda, que proibiu até a compra de enxadas e rastelos para limpar as ruas da cidade.

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Ele conta que, com a falta de dinheiro, teve de encostar o trator e parar a manutenção das estradas rurais que dão acesso à cidade. Também não conseguiu terminar algumas obras de pavimentação que estavam em andamento, como a da rua onde mora Vanderleia Nascimento de Souza e os cinco filhos. “Quando chove isso aqui fica intransitável. Pior é ter de levar as crianças pra escola no meio de todo esse barro. Eles chegam todos sujos”, reclama a moradora, que vive da renda do programa Bolsa Família e há três anos não paga as mensalidade da casa do conjunto habitacional. “Não consigo nem pagar minhas despesas. A prefeitura que me ajuda a pagar a conta de luz.”

Nos últimos anos, a administração pública vinha conseguindo realizar algumas melhorias para a população mais carente, como a reforma de casas em estado precário. “Mas, de uns tempos pra cá, só conseguimos atender alguns pedidos se houver doação”, afirma o encarregado de obras da prefeitura, Tadeu José Campos de Oliveira.

Ele conta que a última casa entregue para uma moradora foi toda construída com a ajuda da população local. “Cada um deu um tipo de material, de sacos de cimento, telhas e tijolos a toda a parte elétrica e hidráulica. Nós só entramos com a mão de obra.”

Programas.O prefeito de Oliveira Fortes reclama que, além dos repasses menores do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que respondem por 80% do orçamento, as contas da cidade estão sendo abaladas ano após ano pela quantidade de programas criados pelo governo federal, que repassa apenas uma parte da verba para os municípios.

“No Programa Nacional de Alimentação Escolar, por exemplo, o repasse é da ordem de R$ 0,30 por aluno. Isso não dá pra comprar nem um pão. Acabamos gastando mais do que o dobro”, diz Lacerda. No ano passado, foram repassados R$ 20 mil, mas a despesa somou R$ 43 mil.

“A diferença teve de sair dos cofres da prefeitura, que passa a ter menos dinheiro para investir em outras necessidades.” O mesmo ocorre com o dinheiro destinado ao transporte dos alunos da zona rural para a cidade e da cidade para outros municípios da região, no caso do ensino superior.

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