PUBLICIDADE

Fazenda e BC fazem ação conjunta para conter estragos na economia

O Tesouro cancelou leilões de venda e títulos e anunciou a operação de recompra com venda simultânea dos papéis para esta semana

Foto do author Adriana Fernandes
Por Adriana Fernandes
Atualização:

As operações no mercado financeiro no Brasil ainda não haviam começado quando Henrique Meirelles saiu do seu gabinete, no quinto andar do Ministério da Fazenda, e foi para o prédio anexo ao principal, na Esplanada dos Ministérios. De lá, onde ficam as mesas de operação do Tesouro Nacional, o ministro da Fazenda acompanhou a abertura do mercado de juros, sob o impacto das incertezas em relação à economia brasileira depois do terremoto político que abalou Brasília com as acusações do dono da JBS, Joesley Batista.

Na noite anterior, o ministro já tinha acertado com o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, uma ação conjunta para o governo enfrentar o dia difícil que se anunciava. Ao lado da secretária do Tesouro, Ana Paula Vescovi, e do secretário de Política Econômica, Fábio Kanczuk, Meirelles quis saber sobre o funcionamento das mesas de títulos domésticos e externos que ficam em duas salas no primeiro andar do prédio anexo.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles Foto: Fábio Motta/Estadão

PUBLICIDADE

O acesso é restrito até mesmo para os funcionários da casa. É por meio dessas duas mesas de operação que o Tesouro acompanha a evolução do mercado de juros e o preço dos seus papéis para traçar sua estratégia de venda de títulos.

O Tesouro cancelou ontem leilões de venda e títulos e anunciou a operação de recompra com venda simultânea dos papéis para esta semana. O BC ofereceu contratos de swap cambial para segurar a volatilidade do dólar diante de um mercado altamente estressado.

A atuação conjunta da Fazenda e do BC não impediu a pior sessão desde a crise financeira de 2008, com forte desvalorização do real. Apesar disso, na avaliação do governo, a determinação demonstrada pela equipe econômica surtiu efeito. E essa estratégia de usar todos os instrumentos à disposição para garantir liquidez ao mercado permanecerá durante o período de volatilidade, que pode durar ainda um bom tempo, diante das incertezas em relação aos desdobramentos da crise política.

“A preocupação é deixar o mercado funcional”, disse um assessor da Fazenda. Tática semelhante foi adotada por Meirelles em 2008 quando, no comando do Banco Central, garantiu liquidez aos mercados sem comprometer o estoque das reservas internacionais.

Publicidade