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Fazenda e BC registram menores notas em oito meses de Termômetro Broad

Sentimento dos agentes de mercado em relação à equipe econômica do governo continua em tendência de piora

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Por Redação
Atualização:

As notas de avaliação do mercado financeiro para a gestão do Ministério da Fazenda e do Banco Central renovaram, em agosto, os pisos da série do Termômetro Broad.

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A sondagem, feita pela Agência Estado com objetivo de captar o sentimento dos agentes de mercado em relação à equipe econômica do governo, mostra continuidade da tendência de piora registrada nos meses anteriores.

A média geral da Fazenda recuou de 2,9 em julho para 2,3 em agosto. Enquanto a média geral do Banco Central, no mesmo período, caiu de 5,1 para 4,8.

Neste levantamento, 50 instituições responderam ao questionário, entre os dias 22 e 29 de agosto.

Na piora da percepção em relação ao Ministério da Fazenda pesaram tanto a avaliação da Política Fiscal quanto da Comunicação. A nota para a Política Fiscal, que em julho estava 2,4, foi para 2,0 em agosto. Já a classificação para a Comunicação caiu de 2,9 para 2,2.

Influência do PIB. O prazo final para a resposta do questionário coincidiu com a data da divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre e dos dados do setor público consolidado de julho.

O IBGE informou que o PIB entre abril e junho recuou 0,6% ante os três meses anteriores, e revisou, para queda de 0,2%, o resultado positivo 0,2% do primeiro trimestre. Com isso, o País registrou recessão técnica no primeiro semestre. Ao comentar os números, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, argumentou que "recessão é parada prolongada da economia como ocorreu na Europa". Ele atribuiu a queda da atividade no segundo trimestre ao ambiente internacional e a problemas pontuais internos, como os efeitos da estiagem e o menor número de dias úteis em razão da realização da Copa do Mundo.

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Com relação aos resultados fiscais, as contas continuaram se deteriorando em julho, com déficit do setor público consolidado (Governo Central, governos regionais e estatais federais, com exceção da Petrobrás e Eletrobras) de R$ 4,715 bilhões. É o pior resultado da série histórica para o mês e o terceiro saldo negativo consecutivo.

As contas do setor público acumulam em 2014 até julho um superávit primário de R$ 24,665 bilhões, o equivalente a 0,84% do PIB - o pior para o período desde 2002. Em 12 meses, as contas têm saldo positivo de R$ 61,526 bilhões, ou 1,22% do PIB. O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, admitiu que será mais difícil atingir a meta de superávit primário de 1,9% do PIB este ano.

Ao longo do mês passado, a Fazenda adotou medidas na área fiscal para tentar fortalecer a economia. Entre elas, o lançamento das Letras Imobiliárias Garantidas. Também autorizou proprietários de imóveis a darem o bem como garantia em outros financiamentos imobiliários, na tentativa de impulsionar o crédito neste segmento. Outra medida foi lançada para estimular o aumento de operações de crédito consignado de trabalhadores que são do setor privado.

No campo das desonerações, a Fazenda ainda prorrogou o benefício fiscal para o Programa de Inclusão Digital, até 31 de dezembro de 2018, que acabaria em 31 de dezembro deste ano. O custo estimado é de R$ 7,9 bilhões em 2015.

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Banco Central. Na média geral do Banco Central, que recuou de 5,1 para 4,8 entre julho e agosto, pesou principalmente a deterioração da nota para a Política Monetária, que foi de 5,2 para 4,6. Já a nota da Política Cambial caiu menos, de 4,8 para 4,4. Na direção contrária, a nota da Comunicação mostrou ligeira melhora, ao passar de 4,7 para 4,8.

No mês de agosto, a autoridade monetária anunciou medidas complementares às divulgadas em julho que liberariam até R$ 45 bilhões para o sistema financeiro, completando a reversão das medidas macroprudenciais de 2010 que restringiram o crédito. No último dia 20, o BC anunciou medidas para injetar mais R$ 25 bilhões, sendo que R$ 10 bilhões são via alteração nas regras de recolhimento de depósitos compulsórios.

Na política cambial, o BC anunciou que o primeiro leilão de rolagem de swaps cambiais que venceriam em setembro (US$ 10,070 bilhões ou 201.400 contratos) seria de 8 mil contratos. E, na avaliação do mercado, essa oferta tenderia a se repetir ao longo do mês. Porém, no dia 8, após uma escalada que levou o dólar à vista a tocar a marca de R$ 2,30 no intraday, o BC elevou a oferta diária para 10 mil contratos. Ao final do mês isso resultou num enxugamento menor do que previsto inicialmente, de US$ 1,070 bilhão.

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Entenda. O Termômetro Broad é produzido mensalmente pelos profissionais do AE Dados junto a bancos, corretoras, consultorias, gestoras de recursos, instituições de ensino, departamentos econômicos de empresas e outros com histórico de realização periódica de projeções de indicadores econômicos.

A divulgação dos resultados é feita nos serviços em tempo real do Broadcast na quarta-feira mais próxima do dia 5 de cada mês. Em caso de feriado, a divulgação ocorre no primeiro dia útil subsequente.

São publicados apenas os resultados consolidados da pesquisa. As respostas individuais das instituições ficam em sigilo. A redação da Agência Estado não tem acesso às respostas individuais. O questionário, enviado por e-mail, deve ser respondido uma única vez por instituição, na última semana de cada mês.

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