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Fed corta taxa básica de juros nos Estados Unidos pela 1ª vez desde 2008

O banco central americano reduziu os juros em 0,25 ponto porcentual, fixando a taxa básica na faixa entre 2% e 2,25%

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO E NOVA YORK - O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciou nesta quarta-feira, 31, a redução da taxa básica de juros nos Estados Unidos. A autoridade monetária diminuiu os juros em 0,25 ponto porcentual, descendo a taxa para a faixa entre 2% e 2,25%. É a primeiro corte efetuado pelo Fed desde a crise de 2008.

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A maioria dos analistas consultados pelo Estadão/Broadcast já previa um corte de 0,25 ponto porcentual nos juros nesta reunião. Todos os dirigentes do Fed, à exceção de Esther George, do Fed de Kansas City, e Eric S. Rosengren, do Fed de Boston, foram favoráveis ao movimento.

As bolsas de Nova York operavam em leve alta, mas inicialmente inverteram o sinal e recuaram, passando então a oscilar, logo após a decisão do Federal Reserve. No Brasil, o Ibovespa acentuou o ritmo de queda logo após o corte, perdendo os 102 mil pontos.

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, o banco central americano. Foto: Mandel Ngan/APF - 1/5/2019

Em seu comunicado sobre a decisão, o Fed afirmou que, ao contemplar a trajetória futura da sua taxa básica, agirá "como apropriado para sustentar a expansão", uma vez que o crescimento sustentado da atividade econômica, condições fortes no mercado de trabalho e a inflação perto da meta de 2% são o desfecho mais provável, "mas as incertezas sobre essa perspectiva permanecem".

A avaliação sobre o panorama atual nos EUA retrata um aumento "moderado" da atividade econômica, ganhos "sólidos" de emprego e uma taxa de desemprego "baixa". "Apesar de o crescimento dos gastos das famílias ter acelerado em relação ao início do ano, o crescimento dos investimentos fixos das empresas tem sido suave", pondera o colegiado responsável pelas decisões de política monetária do Fed.

Além disso, os dirigentes apontam que, nos últimos 12 meses, as leituras da inflação e do núcleo da inflação, que exclui os componentes de alimentos e energia, "estão vindo abaixo de 2%", que é a meta do BC americano. "Medidas baseadas nos mercados de compensação da inflação permanecem baixas" e "medidas de expectativas de inflação no prazo mais longo mudaram pouco", completa.

Presidente do Fed

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O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou durante coletiva de imprensa nesta tarde que a decisão da instituição de cortar a taxa de juros em 0,25 ponto porcentual foi um "ajuste no meio de um ciclo" da política monetária.

De acordo com Powell, foram considerados nesta decisão fatores como crescimento global modesto, comércio e inflação contida. "Sem dúvida há um aspecto de seguro na decisão de cortar juros", declarou o presidente do Fed, pontuando que o crescimento no exterior desapontou, especialmente na zona do euro e na China. Powell destacou que as tensões comerciais na China tiveram pico em maio e junho e, agora, parecem ter melhorado.

"Não há razão para que a expansão econômica não possa continuar a ocorrer", destacou o presidente do Fed, observando que a instituição está se movendo gradualmente na direção de mais acomodação.

Decisões futuras, no entanto, segundo o presidente do Fed, dependerão "de indicadores e outros sinais da economia". "Nossa perspectiva agora não é de que este é o início de um ciclo de corte de juro", pontuou. "No geral, a economia americana tem mostrado resiliência", avaliou Powell, acrescentando que o crescimento do país "tem sido bom, uma mostra de que política monetária tem funcionado".

No entanto, o próprio Powell disse também que não é possível afirmar que não haverá outros cortes nos juros à frente.

Novos cortes

O corte dos juros em 0,25 ponto porcentual e o fim da redução do seu balanço de ativos financeiros dois meses antes do previsto visam gerar boas expectativas no mercado de que o banco central americano está adotando um conjunto de medidas acomodatícias de política monetária, comentou Satyam Panday, economista da S&P Global Ratings.

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Para ele, a dissidência de dois dirigentes do Fed, Eric Rosengren e Esther George, que preferiram manter as taxas estáveis, podem sinalizar certa moderação do banco central para adotar mais reduções nos próximos meses.

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De acordo com Panday, o comunicado do Fed da reunião de julho é relativamente próximo ao texto oficial semelhante divulgado ao final do encontro de junho, quando os juros foram mantidos. “O documento informado hoje é cauteloso e não é possível inferir agora quantos cortes virão no segundo semestre”, disse. Ele continua esperando apenas uma redução dos juros neste ano.

“O Fed continua dependente de dados econômicos para decidir se cortará mais os juros no curto prazo. Vamos ver como se comportarão indicadores do setor manufatureiro e de investimentos nas próximas semanas, que são muito afetados por questões como as disputas comerciais entre os EUA e a China”, disse Satyam Panday. /EDUARDO GAYER, GABRIEL BUENO DA COSTA, NICHOLAS SHORES E RICARDO LEOPOLDO

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