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Feira de aviação executiva encolhe para se adaptar à crise e ao dólar alto

Fabricantes de aeronaves esperam queda nas vendas neste ano e tentam segurar os preços mesmo com o câmbio a R$ 3,50; total de modelos expostos na Labace, evento referência para o setor, foi reduzido para 52 - queda de 23% em relação a 2014

Por Marina Gazzoni
Atualização:

Com pátio mais vazio e vendedores menos otimistas, a feira de aviação executiva Labace abriu nesta terça-feira, 11, os portões para mostrar as opções de jatos para empresas e milionários brasileiros. Serão exibidos até amanhã 52 modelos avaliados entre US$ 600 mil e US$ 68 milhões no antigo hangar da Vasp no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. É menos do que os 68 modelos exibidos no ano passado e do que os 70 que estavam no evento há três anos.

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O encolhimento da maior feira de aviação executiva da América Latina e segunda maior do mundo reflete a crise econômica que atingiu em cheio o segmento no Brasil. A economia em retração, o dólar alto e a confiança do consumidor e do empresário em baixa desestimulam a venda de aeronaves executivas. O segmento, que tinha expansão de vendas média de 6% ao ano nos últimos dez anos, cresceu apenas 3% em 2014. "A tendência para 2015 é uma continuidade desse desaquecimento", disse Eduardo Marson, presidente da Associação Brasileira de Aviação Geral (Abag) e da fabricante de helicópteros brasileira Helibrás.

A fabricante espera para este ano uma queda de faturamento em relação aos R$ 600 milhões registrados em 2014. Diante do quadro, a companhia cortou 150 dos 850 postos de trabalho que tinha no Brasil por meio de programas de demissões voluntárias e não reposição de vagas de emprego. A empresa está executando este ano um programa de corte de custos de R$ 30 milhões para enfrentar a crise. A companhia, que participava de cerca de três feiras de aviação ao ano, só terá estande de vendas na Labace em 2015.

"O problema deste ano é falta de decisão dos clientes. Em tempos de crises, o padrão é se desfazer de suas aeronaves. Desta vez, não compram nem vendem diante das incertezas da economia", afirmou Marson. Além do desaquecimento da economia, as fabricantes de helicópteros sentem uma retração adicional nas vendas diante da crise ainda mais grave no setor de óleo e gás, que investiu pesadamente nos últimos anos na formação de uma frota para levar equipes às plataformas de petróleo em alto mar.

A Helibrás não está sozinha. Representantes das fabricantes de aeronaves Embraer, Bombardier, Dassault Falcon, Gulfstream e Cirrus disseram ao Estado que sentem uma queda nas vendas neste ano. Mesmo assim, mantêm a oferta de produto e não falam em reajuste de preços mesmo após valorização do dólar em relação ao real, que deixou os aviões mais caros para os clientes brasileiros. "A nossa estratégia ainda é a mesma para a região. O mercado brasileiro tem grande potencial de crescimento e nossa visão é de longo prazo", disse Stéphane Leroy, vice-presidente de vendas para a América Latina da canadense Bombardier.

O vice-presidente de vendas da americana Gulfstream, Fabio Rebello, diz que as empresas brasileiras precisarão de opções de transporte rápido e promove na Labace a venda do modelo G650ER, avaliado em US$ 68 milhões, o maior preço entre as aeronaves expostas.

Estreantes. Mesmo com o cenário econômico nebuloso, o mercado brasileiro conseguiu atrair novas marcas de aviões executivos. A Líder Aviação Executiva, que já representa as aeronaves Bombardier e King Air, lançou na Labace o modelo HondaJet, feito pela divisão de aviação da montadora. "Não fazia sentido adiar o lançamento. O Honda completa nosso portfólio com um jato no segmento de entrada, que pode se beneficiar na crise", disse a superintendente da Líder, Junia Hermont. O modelo custará US$ 4,5 milhões e competirá com o Phenom 100, da Embraer.

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A francesa ATR estreou na Labace com o Corporate Version, modelo adaptado para a aviação executiva do ATR-72, turboélice para voos regionais usado pela Azul. "Queremos testar o modelo no Brasil e expor melhor nossa marca em um momento em que há planos de fomento para a aviação regional", disse o diretor comercial da ATR, Pedro Paulo Pedrosa.

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