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Ficou mais difícil administrar a dívida

Os administradores da dívida pública admitiram: com perspectivas fiscais piores, precisam de mais folga para aproveitar momentos favoráveis do mercado, colocar títulos e manter a situação de caixa confortável para o Tesouro. É o que explica sua decisão de mudar os parâmetros do Plano Anual de Financiamento (PAF), elevando de R$ 2,45 trilhões a R$ 2,60 trilhões para R$ 2,65 trilhões a R$ 2,80 trilhões o limite para o estoque de papéis federais. Em julho, segundo o Relatório Mensal da Dívida Pública Federal, o limite do PAF já tinha sido ultrapassado.

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Por Redação
Atualização:

O estoque da dívida pública aumentou 0,78% em julho, de R$ 2,583 trilhões para R$ 2,603 trilhões, por conta da incorporação de juros de R$ 29,5 bilhões. Sem os juros, a dívida teria diminuído, pois as emissões de R$ 51,2 bilhões foram inferiores aos resgates de R$ 71 bilhões.

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A dívida passou a ter custos mais elevados e prazos mais curtos. O custo médio do estoque acumulado em 12 meses aumentou de 11,84% em dezembro para 14,31% em junho e 14,99% em julho. Além do impacto da alta da Selic, a desvalorização do real provocou a elevação para 50% ao ano do custo da dívida de R$ 128,7 bilhões em moeda estrangeira. A composição também piorou, pois a parcela que vence em 12 meses passou de 21,19% em junho para 22,44% em julho.

Para atender os aplicadores, o Tesouro emitiu, em termos líquidos, R$ 10,5 bilhões a mais em títulos com taxa flutuante (ou seja, corrigidos pela Selic) e R$ 32,5 bilhões a menos em papéis prefixados, os preferidos pelos administradores. Houve também emissão líquida de R$ 5,2 bilhões em papéis corrigidos pela inflação.

O rebaixamento da classificação brasileira pela agência Standard & Poor’s e a perspectiva de revisão do rating do País pela agência Fitch deverão afetar o mercado de papéis públicos, por menos que as autoridades queiram admitir.

Será mais difícil reduzir o custo da colocação de títulos – em contraste com a expectativa generalizada de queda da taxa de inflação em 2016 – e alongar mais os prazos, facilitando a gestão futura da dívida. O governo pretendia fazer uma nova emissão de papéis no mercado global, mas parece esperar por um momento mais favorável. De fato, também os mercados internacionais têm operado com enorme volatilidade, em decorrência das incertezas quanto à China e do temor quanto ao mercado acionário americano, após um período de alta eufórica.

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