A agência de classificação de risco Fitch divulgou ontem relatório sobre as perspectivas de rating (nota) do Brasil após a reeleição de Dilma Rousseff (PT). Segundo a agência, a presidente provavelmente manterá a continuidade das políticas no seu segundo mandato, apesar de implementar algumas mudanças para ajudar a restaurar a confiança.
No curto prazo, a Fitch diz que vai acompanhar o anúncio de novas medidas e a formação da equipe econômica, "que devem indicar as prioridades da próxima administração".
A Fitch aponta que a capacidade do governo de melhorar as perspectivas sobre a situação fiscal e o crescimento do País é essencial para sua avaliação do rating soberano. "O segundo governo de Dilma vai enfrentar um ambiente macroeconômico desafiador, destacando a necessidade do ajuste de políticas para resolver alguns dos desequilíbrios macroeconômicos que surgiram nos últimos anos."
Segundo a Fitch, a natureza, abrangência e ritmo das possíveis mudanças não são claros no momento. "Nós também acreditamos que resolver problemas relacionados com a maior interferência do governo observada nos últimos anos na forma de uma maior participação dos bancos públicos, intervenções no setor elétrico em 2012 e o fracasso de ajustar os preços internos da gasolina para melhor alinhá-los com os preços internacionais seriam importantes para restaurar a confiança do mercado", diz a Fitch.
Desafio.
Um dos principais desafios de Dilma será formar uma coalizão que lhe permita aprovar as reformas necessárias para o desenvolvimento do País, em meio a um Congresso fragmentado, diz a diretora da agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P), Lisa Schineller.
Em um vídeo publicado no site da agência sobre o Brasil, Lisa afirma que Dilma precisará se aproximar tanto de seus apoiadores quanto da oposição. O PMDB, em sua avaliação, será um partido-chave na busca pela aprovação de reformas que possibilitariam aumentar o crescimento, baixar a inflação e promover os serviços sociais.
Fortalecer o crescimento e reduzir a inflação, diz a diretora da S&P, será importante para minimizar as pressões populares. A perda de fôlego da economia brasileira, segundo ela, resulta de uma combinação de fatores, cíclicos, estruturais, internos e externos.
Para este ano, a S&P projeta expansão de menos de 1% do PIB e "não muito mais no próximo". Aumentar a produtividade é essencial para o crescimento, diz a diretora da S&P. O chamado custo Brasil, segundo ela, está inibindo o avanço do País. "O Brasil está enfrentando estagflação e a população está demandando cada vez mais serviços sociais eficientes." Como o Brasil tratará essas questões direcionará a avaliação de rating da S&P, destaca Lisa.