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‘Foi chance de recomeçar’, diz aprovado em concurso aos 59 anos

Por Douglas Gavras
Atualização:
Pedro Gomes Moura Filho, que passou em concurso do Ministério do Trabalho aos 59 anos 

Pedro Moura Filho, de 59 anos, nunca tinha pensado em ser funcionário público – até ter de deixar a loja de móveis sob medida, onde era vendedor, que não escapou da perda de clientes. “Eu ganhava por comissão. Até tentei ser corretor de imóveis, mas também não tinha quem quisesse comprar. O mercado parou, minha situação financeira estava no buraco e não tinha condições de manter as contas em dia. Eu já tinha desistido. Minha filha caçula acabou tendo de segurar as pontas em casa, por um tempo.”

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Sem perspectivas de conseguir uma boa colocação na iniciativa privada, ele arriscou: pegou dicas de apostilas com as filhas, assistiu a videoaulas na internet, separou oito horas por dia para estudar. “Sempre incentivei muito as minhas filhas a prestarem concursos. Uma delas também foi aprovada, para uma vaga no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).” 

Com o desaquecimento do mercado de trabalho e a baixa perspectiva de recolocação dos trabalhadores maiores de 50 anos na iniciativa privada, a carreira pública se apresentou como a melhor opção para Moura Filho, até para garantir sua aposentadoria, em alguns anos.

“Fiquei bem desanimado no começo, eram 35 anos sem pegar nos livros, concorrendo com uma garotada, que já sai da faculdade de olho nos editais de concursos públicos, principalmente aqui em Brasília.” 

No fim do ano passado, após dois anos de estudos e de um período como funcionário temporário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ele foi chamado para uma vaga de agente administrativo no Ministério do Trabalho, posição de nível médio e com salário inicial de R$ 3,4 mil. 

“Foi minha chance de recomeçar. O plano agora é continuar tentando outros concursos e começar uma faculdade neste semestre, de teologia, para escrever um livro e poder concorrer a vagas com remuneração maior. O salário atual não é grande, mas é seguro – era tudo o que eu precisava agora.” 

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