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Fórum Social: China recria 'ficções financeiras'

Por Sandra Hahn
Atualização:

Em meio ao ritmo acelerado de crescimento, a China está replicando "ficções" financeiras usadas nos Estados Unidos, apontou hoje o geógrafo e professor da City University de Nova York David Harvey, durante painel sobre a conjuntura econômica no seminário que discute os dez anos do Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre.Em artigo preparado para o evento, Harvey acrescentou que "a China e a Índia ainda estão crescendo, a primeira aos trancos e barrancos. Mas no caso da China o custo equivale a uma enorme expansão dos empréstimos bancários em projetos de risco - os bancos chineses não foram apanhados no frenesi especulativo global, mas agora estão dando continuidade a este movimento".Harvey questionou mecanismos financeiros criados recentemente nos Estados Unidos. "É interessante, particularmente nos Estados Unidos, ver a velocidade como a sociedade tenta reconstruir todas estas ficções novamente", afirmou. "E estas ficções estão sendo replicadas na China", alertou, prevendo nova crise financeira. "Nós estamos em um momento em que o crescimento para sempre é impossível e, portanto, precisamos pensar em uma alternativa para o capitalismo", defendeu.No artigo, Harvey observou que "a alavancagem que nos levou à crise retornou como se nada tivesse acontecido". Em sua visão, "inovações em matéria de finanças usadas como novas formas de empacotar e vender dívidas de capital fictício estão sendo reinventadas e oferecidas às instituições (como os fundos de pensão) desesperados por encontrar novos mercados para o capital excedente. As ficções (assim como os bônus) estão de volta!", escreveu.Na mesma linha, ressaltando que não é economista, a cientista política francesa Susan George, integrante da organização não-governamental Attac (Associação para Taxação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos), disse que "pode-se vender a mesma casa seis vezes e lucrar em todas elas", mas isso "não contribui em nada para a economia real". Ela defendeu que as finanças deveriam ser uma ferramenta da economia real e propôs que os bancos sejam forçados a financiar novos projetos ecológicos. "Eles não vão fazer isso a não ser que recebam ordem política para isso", concluiu.Questionada, após a palestra, sobre como forçar os bancos a seguir esta linha, Susan citou que em 2008 (após a crise financeira) algumas pessoas falavam em nacionalizar bancos, mas sua linha é de "socializar bancos". "Como fazer qualquer coisa é sempre uma questão de política e unidade", acrescentou. Em sua palestra, Susan defendeu a formação de alianças entre os movimentos sociais para conquistar mudanças dos governos.O secretário nacional de Economia Solidária do governo federal, Paul Singer, recorreu aos exemplos de sua pasta para apontar alternativas de produção. Ele citou que a economia solidária cresce ao ritmo de 20% a 30% ao ano e um censo realizado em 2007 demonstrou o emprego de 1,7 milhão de pessoas nestas atividades cooperativas. Em 2010, a secretaria prepara novo censo para medir a dimensão da economia solidária, que não tem limites e pode produzir qualquer item, de tomates a aviões, conforme ele.

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