Incluindo a poupança rural do Banco do Brasil, com saldo de R$ 143 bilhões, as retiradas líquidas de julho, de R$ 2,5 bilhões, foram as maiores em duas décadas e, no ano, já se aproximam dos R$ 41 bilhões.
No primeiro semestre, as operações de empréstimo do SBPE caíram 15,8% em relação a igual período de 2014, saindo de R$ 53,8 bilhões para R$ 44,8 bilhões. Foram financiados 200 mil imóveis, 22,1% menos do que no primeiro semestre de 2014. Esses números são os que revelam com mais clareza o custo da fuga das cadernetas, cujo rendimento líquido pouco superior a 0,7% ao mês é inferior não apenas à inflação, mas aos ativos concorrentes, a começar dos fundos DI, cuja renda é atrelada à taxa Selic.
Os saques nas cadernetas obrigaram o principal agente financiador, a Caixa Econômica Federal (CEF), a reduzir os empréstimos, cortando os porcentuais máximos de financiamento. A liberação de depósitos compulsórios sobre as cadernetas apenas atenuou as restrições. Na semana que vem, a CEF não mais fará empréstimo novo a clientes que já têm empréstimo em curso.
Mesmo com a redução real medida pelo índice FipeZap de cerca de 5% dos preços pedidos pelos imóveis nas 20 principais cidades brasileiras, a aquisição da residência própria já era afetada pelo fato de que muitos mutuários potenciais procuravam adiar a tomada de crédito, temendo o risco de desemprego e da perda de poder aquisitivo do salário provocada pela inflação.
O IPCA de 9,56% em 12 meses, até julho, divulgado pelo IBGE, supera grande parte dos reajustes salariais e afeta a decisão de adquirir bens. Sem crédito farto e de baixo custo, o mercado imobiliário não pode retomar o ritmo de atividade.