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Fundador da Neogama assume a inglesa BBH

Após compra das duas empresas pelo Publicis, brasileiro será comandante global de criação 

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Por Fernando Scheller
Atualização:

A decisão do francês Publicis Groupe de comprar a totalidade das ações da inglesa BBH e também 100% da brasileira Neogama BBH, que será anunciada hoje, vai elevar o publicitário Alexandre Gama à posição de diretor mundial de criação da BBH.

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O carioca de 53 anos comandará a empresa - que tem escritórios em Londres, Nova York, Mumbai, Cingapura e Xangai - de São Paulo. Ele substitui no cargo um dos fundadores, John Hegarty (o "H" da BBH), que vai para o Conselho de Administração.

A venda da totalidade da BBH para o Publicis Groupe - que faturou 5,8 bilhões no ano passado - foi, na verdade, motivada pela necessidade de sucessão na rede inglesa, fundada há 30 anos. "Fui procurado há um ano e meio pelo John Hegarty, que estava pensando na perpetuação da BBH", lembra Gama. "Falando com os sócios, ele chegou à conclusão de que eu tinha perfil para dar continuidade à agência. Procurava alguém que tivesse capacidade criativa e perfil de empresário."

Após o brasileiro aceitar a empreitada, começou uma complicada engenharia para que os franceses ficassem com a totalidade tanto da BBH quanto da Neogama. "Escolhi essa opção porque era uma forma de seguir adiante, mesmo deixando de ser dono para ser executivo", lembra o publicitário. Entre os grupos que demonstraram interesse pela Neogama BBH nos últimos anos figuraram também o japonês Dentsu e o britânico WPP.

A promoção de Alexandre Gama ao cargo de chefe global de criação da BBH não causará mudanças no comando da empresa brasileira: todos os principais executivos continuarão nos cargos que já exerciam.

A agência, com 270 funcionários, disputa com Londres o título de escritório mais rentável para a rede. Isso, segundo o publicitário, ajudou os ingleses a concordarem com a condição de que ele assumiria a BBH desde que pudesse permanecer em São Paulo.

Para Luiz Lara, presidente da Associação Brasileira das Agências de Publicidade (Abap), a escolha de Gama para substituir um ícone da propaganda como John Hegarty mostra uma "globalização" das lideranças no setor, motivada pela importância dos países emergentes na economia mundial.

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Ele lembra que hoje o Brasil é o 4.º maior mercado para veículos e o 2.º mais importante em produtos de beleza. "Tenho certeza de que essa tendência vai se intensificar com a atuação do Alexandre na BBH."

Início. Instalada em um galpão numa área industrial da zona oeste de São Paulo, a Neogama surgiu em 1999 de um investimento de R$ 3 milhões do Leo Group, logo após Gama deixar a presidência da Young & Rubicam. Entre os clientes que ajudaram a fundar a empresa figuraram Gradiente, Bradesco Previdência, a companhia de material esportivo Umbro e a operação de eletrodomésticos do Pão de Açúcar. A BBH entrou na sociedade a partir de 2002.

Atualmente, a Neogama BBH está em oitavo lugar entre as maiores agências do País, segundo o ranking Agências & Anunciantes, elaborado pelo Ibope Monitor e divulgado pelo Meio & Mensagem, com investimento em mídia de R$ 667 milhões no ano passado (apesar de ter crescido em 2011, a empresa perdeu duas posições em relação a 2010). Entre as contas atuais da companhia estão Renault, TIM, Bradesco e o sabão em pó Omo, um dos principais produtos da Unilever, a segunda maior anunciante do Brasil.

De acordo com Gama, a BBH será administrada de maneira separada do Publicis Groupe - até para evitar conflito com outras agências que receberam investimento da holding francesa. No Brasil, a multinacional tem fatia em empresas como Leo Burnett Tailor Made, F/Nazca Saatchi & Saatchi, Talent, além da Publicis, agência que leva o nome da holding, mas também é independente. 

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