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Galpões vagos somam 38 mil m² em SP

Com encolhimento das empresas, índice de ociosidade desses imóveis disparou e taxa de vacância atingiu 23,8% no Estado no 3º trimestre

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:

Um dos retratos da crise na economia está estampado ao longo das estradas paulistas. Num raio de mais de 100 quilômetros da capital, percorridos pelo ‘Estado’ entre as rodovias Anhanguera e Bandeirantes, há centenas de placas de alugam-se galpões, além de áreas industriais e rurais à venda e painéis vagos à espera de anunciantes num dos principais corredores logísticos do País. É o reflexo concreto da mais longa e profunda recessão, que fez inúmeras empresas encolherem ou fecharem as portas.

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Pela primeira vez desde que o setor de galpões logísticos começou a se desenvolver no País em 2010 houve neste ano devolução de imóveis pelos inquilinos. Só no Estado de São Paulo 38 mil metros quadrados foram entregues aos locadores no terceiro trimestre, nas contas da Cushman & Wakefield, consultoria especializada em serviços imobiliários. Nesse total já estão descontadas as novas locações ocorridas no período.

“Nunca havia tido devolução líquida de galpões”, diz Gustavo Garcia, chefe de pesquisa de mercado e inteligência de negócios para a América do Sul da consultoria.

Ele explica que nesse período houve uma segunda fase de ajuste das empresas ao tamanho menor do mercado. Na primeira fase, a correção ocorreu nas companhias ligadas ao setor de veículos e da construção civil. Agora, diz Garcia, o ajuste pegou os setores ligados a móveis, eletrodomésticos e eletrônicos. Assim como a construção civil e veículos, esses segmentos também são movidos a crédito, mas com prazos menores. No entanto, o ritmo de produção e vendas foi igualmente afetado pela escassez de financiamentos.

Embora o Estado de São Paulo seja o principal mercado, o movimento de devolução de espaços vazios também ocorreu em outras regiões, mas em menor proporção. A pesquisa aponta que no Paraná foram devolvidos 18 mil metros quadrados e em Pernambuco 14 mil metros quadrados no terceiro trimestre, descontadas novas locações. A região Norte foi a única que apresentou valor positivo para o indicador.

Vacância. Com o encolhimento das empresas, o nível de ociosidade nos galpões logísticos disparou. A taxa de vacância no País atingiu 22,7% e no Estado de São Paulo subiu 23,8% no terceiro trimestre.

Essa vacância nos galpões é quase o triplo da registrada em 2011, quando a economia estava em rota de crescimento e o setor corria para entregar novos empreendimentos.

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Garcia acredita que a ociosidade encerre este ano em 24,5% e permaneça nesse patamar durante o próximo ano por causa do processo de reacomodação das empresas que ainda está em curso: “A ociosidade dos galpões deve começar a cair em 2018”.

Outro indicador do momento de ajuste aparece no preço pedido de locação. No terceiro trimestre, a cotação média do metro quadrado era R$ 19,99, uma cifra 2,5% menor em relação ao valor pedido no mesmo período do ano passado, sem descontar a inflação. Garcia frisa que esse é o preço pedido. O preço fechado deve ser menor por causa dos descontos dados pelos proprietários.

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