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Gasto no governo Dilma deteriorou contas públicas, diz Otaviano Canuto

Segundo o diretor do Banco Mundial, não havia espaço fiscal para estimular a economia com medidas contracíclicas

Por Daniela Amorim (Broadcast), e Vinicius Neder
Atualização:

RIO - O uso da política fiscal para gerar demanda durante o governo Dilma Rousseff resultou em deterioração das contas públicas e não teve efeito sobre o investimento privado, no sentido de estimular a economia, afirmou nesta segunda-feira, 25, o economista Otaviano Canuto, diretor do Banco Mundial.

Segundo Canuto, usar a política fiscal como estímulo contracíclico somente quando há espaço foi uma das três lições que ficaram após a experiência das políticas econômicas dos países emergentes desde a crise global de 2008. "Quando não há espaço fiscal e um governo tenta utilizar esse espaço, o efeito tende a ser pífio", disse Canuto, em seminário promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

O economista Otaviano Canuto, diretor do Banco Mundial Foto: Fábio Motta/Estadão

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Isso ocorre, segundo o economista, porque quando estímulos fiscais são usados sem espaço, as respostas em termos de taxas de juros e de percepção de insolvência acabam "solapando qualquer resultado". "No governo Dilma, teve efeito apenas uma deterioração fiscal", completou Canuto, destacando que o que aconteceu no Brasil está demonstrado na literatura sobre economia.

Uma segunda lição, segundo Canuto, foi a importância de a política fiscal ser de fato contracíclica, ou seja, economizar recursos na época de bonança para poder usar na época de crise. Por fim, uma terceira lição, destacou Canuto na palestra, para a política fiscal poder ser usada como reação às crises, é preciso que o país tenha institucionalidade em termos de regras.

Nesse sentido, para o diretor do Banco Mundial, o governo do presidente em exercício Michel Temer caminha no sentido correto, ao propor a regra do teto para o crescimento das despesas públicas. Canuto disse ter ouvido de um diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) que o Brasil poderia estar "rompendo barreiras" com a medida.

"A presença de regras rígidas, porém com clareza e credibilidade, ampliam o espaço fiscal no curto prazo", afirmou Canuto, destacando que, com as regras de longo prazo, há flexibilidade para passar pela crise fiscal sem uma crise mais grave.