GENEBRA – Em seus nomes, elas são gaúchas, cariocas ou mineiras. Na decoração, o verde-amarelo predomina, inclusive com imagens do Brasil e a bossa-nova como música ambiente. Mas, no prato, o que servem não são produtos brasileiros.
Churrascarias rodizio pela Europa, criadas por brasileiros, afirmam que não estão sendo afetadas pela crise que eclodiu depois da Operação Carne Fraca e os controles impostos pelas autoridades europeias. O motivo: elas já não compravam carnes brasileiras.
Em Lisboa, um dos responsáveis pelo restaurante Fogo de Chão, Antonio Reis, afirmou que, por enquanto, a polêmica sobre as carnes brasileiras não os atingiu. “Trabalhamos com carne argentina e uruguaia”, explicou, indicando que a opção havia sido por conta da qualidade mais elevada do produto dos países vizinhos ao Brasil. “Para nós, o que ocorreu no Brasil não nos afeta”, explicou.
Na churrascaria Costelão Gaúcho, também em Lisboa, o impacto da operação policial no Brasil foi inexistente. Um dos funcionários indicou ao Estado que, para os cortes nobres, importam o produto principalmente do Uruguai. Para a carne mais barata, recorrem a produtos da Polônia e Holanda, mais baratos que importar do Brasil.
Em Madri, o restaurante El Novillo Carioca também indicou que tem como seu fornecedor empresas espanholas que vendem os produtos com o mesmo corte usado no Brasil. “Existem boas carnes na Espanha”, indicou Walter, um carioca que é um dos administradores do local. Com 27 anos, o restaurante é uma das referências na capital espanhola quando se fala de churrasco. O brasileiro, porém, apenas lamenta a falta de cupim entre os seus cortes.
Em Genebra, o “Le Rodizio Gaucho” anuncia em seu site que oferece “carnes deliciosamente preparadas à moda dos gaúchos do Sul do Brasil”. Ao Estado, o estabelecimento confirmou que não vende carnes brasileiras e que, por isso, não foi afetado pelos embargos impostos também pela Suíça.
De acordo com os funcionários, as altas tarifas de importação impedem o fornecimento e o restaurante é obrigado a se abastecer de um produto suíço de carnes.
Nesta sexta-feira, veterinários da União Europeia recomendaram que portos e outras aduanas pelo continente reforcem o controle sobre importação de carne brasileira.
A partir de agora, verificações físicas e também microbiológicas serão recomendadas e ampliadas, na esperança de evitar que carne com algum tipo de problema sanitário possam entrar na cadeia alimentar do continente.
No fim de semana, a Europa exigiu que o Brasil tirasse da lista de exportadores quatro empresas envolvidas na Operação Carne Fraca. Mas existe o temor de que essa medida não seja suficiente. Bruxelas já indicou que, se nesses exames alguma irregularidade for encontrada, tomará providências para ampliar as barreiras contra as carnes nacionais.