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Com venda de hidrelétricas, governo fecha novembro com o melhor caixa em 3 anos

Superávit no mês passado foi de R$ 1,348 bilhões; apesar do resultado positivo, saldo ainda está muito distante do patamar de 2013, quando o superávit foi de R$ 28,969 bilhões

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Por Idiana Tomazelli e Eduardo Rodrigues
Atualização:

BRASÍLIA - Com um reforço de R$ 12 bilhões no mês passado com os pagamentos referentes ao leilão de hidrelétricas, o caixa do governo central registrou um superávit primário de R$ 1,348 bilhão em novembro, o melhor desempenho para o mês desde 2013. Aquela foi a última vez em que o resultado do penúltimo mês do ano foi positivo, em R$ 28,969 bilhões. O resultado, que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central, sucede o superávit de R$ 5,191 bilhões de outubro.

Entre janeiro e novembro deste ano, entretanto, o resultado primário ainda é de déficit de R$ 101,919 bilhões, o pior desempenho para o período na série histórica, iniciada em 1997. Foto: André Dusek|Estadão

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O resultado de novembro ficou acima das expectativas do mercado financeiro, cuja mediana apontava um déficit de R$ 14,300 bilhões, de acordo com levantamento do Projeções Broadcast junto a 13 instituições financeiras. O dado do mês passado ficou ainda fora do intervalo das estimativas, que foram de déficit entre R$ 21,300 bilhões e R$ 3,800 bilhões.

Entre janeiro e novembro deste ano, entretanto, o resultado primário ainda é de déficit de R$ 101,919 bilhões, o pior desempenho para o período na série histórica, iniciada em 1997. Em igual período do ano passado, esse mesmo resultado era negativo em R$ 98,829 bilhões.

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Em 12 meses, o governo central apresenta um déficit de R$ 167 bilhões - equivalente a 2,52% do PIB. Para este ano, a meta fiscal admite um déficit de até R$ 159 bilhões nas contas do governo central.

O resultado de novembro representa alta real de 21,1% nas receitas em relação a igual mês do ano passado. Já as despesas tiveram queda real de 9,3%. No ano até novembro, as receitas do governo central subiram 0,4% ante igual período de 2016, enquanto as despesas ficaram estáveis, descontada a inflação. 

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Banco Central. As contas do Tesouro Nacional - incluindo o Banco Central - registraram um superávit primário de R$ 18,893 bilhões em novembro, de acordo com dados divulgados nesta terça-feira, 26. No ano, o superávit primário acumulado nas contas do Tesouro Nacional, com Banco Central, é de R$ 70,847 bilhões.

No mês passado, o resultado do INSS foi um déficit de R$ 17,546 bilhões. Já no acumulado do ano, o resultado foi negativo de R$ 172,766 bilhões.

As contas apenas do Banco Central tiveram déficit de R$ 106 milhões em novembro e de R$ 721 milhões no acumulado do ano até o mês passado.

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Concessões. O caixa do governo federal recebeu R$ 12,424 bilhões em pagamentos de outorgas de concessões em novembro. No mesmo mês de 2016, essas receitas totalizaram 277,3 milhões. Nos onze primeiros meses de 2017, essa receita somou R$ 17,608 bilhões, queda real de 23,0% ante igual período do ano passado.

Em novembro, foram pagos R$ 12 bilhões referentes ao leilão de usinas hidrelétricas. Para dezembro, são esperados mais R$ 10 bilhões de concessões de petróleo e R$ 3 bilhões de outorgas de aeroportos.

Já os dividendos pagos pelas empresas estatais somaram R$ 346,3 milhões em novembro, cifra 83,7% maior do que em igual mês do ano passado, já descontada a inflação. Já no acumulado do ano, as receitas com dividendos somaram R$ 5,178 bilhões, alta real de 184,3% em relação a igual período de 2016. 

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Investimentos. Já os investimentos do governo federal caíram a R$ 31,595 bilhões nos primeiros onze meses de 2017, informou o Tesouro Nacional. Desse total, R$ 16,332 bilhões são restos a pagar, ou seja, despesas de anos anteriores que foram transferidas para 2017. De janeiro a novembro do ano passado, os investimentos totais haviam somado R$ 47,042 bilhões.

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Os investimentos no Programa de Aceleração Econômica (PAC) somaram R$ 2,032 bilhões em novembro, queda real de 33,6% ante igual mês do ano passado. Já no acumulado do ano, as despesas com o PAC somaram R$ 19,800 bilhões, recuo de 40,3% ante igual período de 2016, já descontada a inflação. 

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Refis. As receitas com concessões devem continuar reforçando o caixa do governo federal no resultado de dezembro. O Tesouro projeta o ingresso de R$ 13,8 bilhões com essas receitas. Além disso, haverá o recebimento de R$ 1,0 bilhão do Refis (programa de parcelamento de débitos tributários) e mais R$ 2,9 bilhões pela devolução de precatórios não resgatados pelos beneficiários.

Com isso, as receitas extraordinárias devem gerar R$ 17,7 bilhões adicionais no último mês do ano, um reforço importante para garantir o cumprimento da meta fiscal, que permite déficit de até R$ 159 bilhões.

Do lado das despesas, o Tesouro prevê o pagamento de R$ 1,6 bilhão em sentenças judiciais e precatórios no último mês do ano, um resíduo já que neste ano o governo antecipou esses desembolsos para o primeiro semestre do ano.

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Folga. O governo deve fechar o ano com uma folga de R$ 20,7 bilhões para o cumprimento da chamada regra de ouro do Orçamento, que impede a emissão de dívida para o pagamento de despesas correntes.

As projeções do Tesouro Nacional mostram que as despesas de capital (que incluem investimentos) vão superar as operações de crédito em R$ 20,7 bilhões. No acumulado em 12 meses até novembro, a folga foi maior, de R$ 82,9 bilhões, mas a previsão é que o espaço diminuirá no último mês deste ano.

O Tesouro tem feito um acompanhamento mensal do cumprimento da regra de ouro, uma vez que os sucessivos déficits tornaram mais difícil o financiamento das necessidades do governo.

Para o ano que vem, o rombo projetado é de R$ 184 bilhões, e o governo conta com uma devolução de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para evitar o descumprimento da regra - o que significaria crime de responsabilidade. “Há R$ 130 bilhões consignados para devolução pelo BNDES em 2018, mas as negociações continuam”, afirmou a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi.

Ela avaliou, nesta terça-feira, 26, que ter apenas R$ 20,7 bilhões de margem para o cumprimento da Regra de Ouro em 2017 é “muito pouco”. “Nunca chegamos a um dezembro com margem tão pequena na Regra de Ouro”, afirmou, lembrando que a regra precisa ser cumprida sempre considerando o exercício completo do ano.

Ana Paula Vescovi disse ainda que o governo está ajustando as fontes de receitas, reclassificando-as, para atender aos requisitos da regra de Ouro em 2018. “Esperamos transitar com cerca de R$ 10 bilhões para o cumprimento da regra em 2018”.

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