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Proibição de reajustes a servidores volta a projeto de socorro aos Estados

Para facilitar aprovação, governo retirou do projeto as propostas relativas à Lei de Responsabilidade Fiscal, que já vinham sendo modificadas por pressões de várias categorias de servidores

Por Rachel Gamarski , Fabrício de Castro e Idiana Tomazelli
Atualização:

BRASÍLIA - Para garantir a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do projeto de lei de socorro aos Estados, o governo federal retirou todas as propostas relativas à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), que acabariam impondo maior rigor na contabilidade estadual, entre elas a definição de despesa de pessoal. Mas manteve duas contrapartidas consideradas inegociáveis pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles: o teto de gastos e a restrição a reajustes por dois anos, à exceção daqueles assegurados pela Constituição. 

O ministro garantiu, em entrevista, que também está mantida a proibição a novas contratações pelo mesmo período. Mas o texto que está sendo avaliado pela Câmara não traz qualquer referência à suspensão dos concursos públicos. Pela explicação da Fazenda, a adesão dos Estados ao acordo com a União já embute a exigência.

Meirelles avalia que medida será eficiente para limitar o crescimento da dívida pública Foto: André Dusek/Estadão

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As medidas relativas à LRF, como contabilizar os gastos com trabalhadores dentro das despesas com pessoal, já vinham sendo modificadas desde a semana passada, por conta da pressão de categorias de servidores, mas foram excluídas por completo. Com isso, o governo espera vencer a resistência de parlamentares e dar celeridade à tramitação do acordo, anunciado em 20 de junho, mas que somente hoje será votado pelos parlamentares.

A manutenção das duas contrapartidas, no entanto, foi considerada um avanço, já que, na semana passada, o relator do projeto na Câmara, Esperidião Amin, chegou a dizer que a Fazenda estava “preparando o gol contra” ao tratar o veto a reajustes como inegociável. O deputado havia retirado esse item do projeto.

“A finalidade última é a manutenção do teto. O teto sim caracteriza o ajuste fiscal dos estados. A segunda contrapartida viabiliza o cumprimento do teto”, disse o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Novo projeto. Ele ressaltou que a atualização da LRF não foi abandonada e será tema de um projeto de lei à parte, mais amplo. Porém, não deu prazo para a apresentação do texto. “Atuaremos com rapidez, com urgência, fazendo aí uma atualização completa da LRF”, disse o ministro, que acertou os últimos detalhes do texto em reunião no Palácio do Planalto com o presidente em exercício, Michel Temer. Participaram também os deputados Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e Esperidião Amin.

Pelo desenho inicial da proposta, o conceito de despesas de pessoal seria ampliado para incluir gastos com terceirização, indenizações, auxílios e despesas de exercícios anteriores para todos os poderes. A medida era tida como essencial para barrar a “maquiagem” dos dados, pela qual muitos Estados ficam enquadrados nos limites de pessoal definidos pela LRF, embora tenham gastos mais elevados com a folha.

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Melhorar essa definição é considerado crucial por alguns secretários de Fazenda para conseguir pôr em prática o teto de gastos, a principal contrapartida do acordo de renegociação da dívida. Por isso, defendiam a tramitação conjunta dos temas.

Mas a discussão em torno do assunto e a possibilidade de flexibilização das regras apenas para alguns Poderes, como chegou a ser cogitado, acenderam um alerta. Por isso, a separação dos dois assuntos – renegociação e atualização da LRF – foi vista como salvação para o projeto.

“Vincular essa discussão ao projeto da dívida neste momento podia inviabilizar sua aprovação. Ou pior, aprová-lo na versão que circulou na sexta passada, em que as contrapartidas estavam sendo desidratadas”, afirmou a secretária estadual da Fazenda de Goiás, Ana Carla Abrão.

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