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Governo de SP anuncia construção de gasoduto no valor de R$ 8 bi

Medida busca aumentar oferta de energia no Estado; também foram anunciadas a construção de seis térmicas e a implantação de um projeto de geração de energia no Complexo do Hospital das Clínicas

Por André Magnabosco
Atualização:

(Atualização às 14h45)

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O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou nesta terça-feira, 7, uma série de medidas para aumentar a oferta de energia no Estado. Foram anunciadas a construção de seis usinas térmicas na capital paulista, a implantação de um projeto de geração de energia no Complexo do Hospital das Clínicas e a construção de um gasoduto que ligará o pré-sal da bacia de Santos ao restante do Estado de São Paulo.

Segundo o secretário de Energia de São Paulo, João Carlos Meirelles, o valor do projeto do gasoduto está estimado em cerca de R$ 8 bilhões. Com a iniciativa, a oferta de gás em São Paulo será ampliada em 15 milhões de metros cúbicos diários. 

Estrutura ligará pré-sal da Bacia de Santos ao restante do Estado de São Paulo Foto: Leo Caldas/Estadão

A Cosan e a Shell, controladoras da distribuidora de gás Comgás, confirmaram a intenção de investir na construção do gasoduto. O modelo acionário do projeto, contudo, ainda não está definido. O presidente da Cosan, Marcos Lutz, limitou-se a dizer que a companhia "pode ter participação" no projeto, mas não vinculou obrigatoriamente essa participação ao aporte de recursos. 

A expectativa do governo de São Paulo é de que o gasoduto esteja em operação dentro de sete anos - seriam dois anos para a estruturação do projeto e o cumprimento de questões burocráticas e cinco anos para a construção do gasoduto em si. Lutz pondera, contudo, que o cronograma do gasoduto pode estar vinculado ao plano de investimentos da PetrobrásCaso a estatal postergue o aumento da produção de petróleo no pré-sal de Santos, a oferta de gás, associado à produção do petróleo, também pode ser menor do que aquela projetada inicialmente.

Até a conclusão do projeto, o governo de São Paulo e as empresas envolvidas no empreendimento, conhecido como Rota 4, podem optar pela utilização de gás natural liquefeito (GNL) importado. O insumo seria regaseificado em uma unidade da Petrobras no Rio de Janeiro e, em uma operação de swap, a Petrobras viabilizaria o aumento da oferta de gás em território paulista.

A intenção de ampliar a oferta de gás natural em São Paulo pode atrair outros parceiros interessados em acessar o combustível a preços mais competitivos, aposta o governo paulista. O Grupo AES, um dos maiores geradores de energia do País, não tem intenção de participar do projeto de construção, mas é um potencial interessado na oferta de gás, segundo o presidente Britaldo Soares.

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Térmicas. O aumento da oferta de gás em São Paulo também é considerado fundamental para a viabilização de outro projeto anunciado pelo governo paulista nesta terça-feira: a construção de seis térmicas em uma área pertencente à Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), na capital paulista. Cada unidade teria capacidade de 250 MW e demandaria investimento de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão.

Para viabilizar o projeto avaliado em até R$ 6 bilhões, a Emae foi autorizada a lançar um edital de chamamento público ao setor privado. E a AES, segundo Britaldo, tem "total interesse" em participar da construção dessas térmicas, sempre na condição de acionista majoritária. "São projetos de geração de energia localizados dentro do centro de carga", afirma Britaldo. A AES, além da Tietê, é controladora também de outras empresas, incluindo a Eletropaulo, distribuidora de energia com atuação em São Paulo.

A AES Tietê já possui planos para construir outras duas grandes térmicas abastecidas com gás natural em São Paulo. O projeto conhecido como São Paulo já foi viabilizado do ponto de vista de oferta de gás, a partir de um acordo de fornecimento com a Petrobrás. O projeto ainda não foi leiloado, contudo, em função de o preço da energia dos leilões não trazer rentabilidade a tais investimentos. O segundo projeto, conhecido como Araraquara, ainda depende de disponibilidade de gás.

Questionado sobre o a decisão do governo de São Paulo de autorizar a Cesp, outra empresa controlada pelo governo estadual, a participar de sociedades de propósito específico (SPE), Briltaldo disse que a estatal pode ser uma "boa parceira" em investimentos em São Paulo. O primeiro passo da Cesp, segundo o secretário Meirelles, será a participação em projetos de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). 

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Geração de energia. O secretário de Energia de São Paulo, João Carlos Meirelles, revelou que a iniciativa de viabilizar um sistema de geração distribuída de energia no Complexo Hospitalar das Clínicas está estimado em R$ 80 milhões e deve estar concluído em aproximadamente 24 meses. 

A demanda por energia do complexo é, atualmente, de 15 MW, número que deve cair para 11 MW após a conclusão de um conjunto de iniciativas, segundo o presidente do grupo AES, Britaldo Soares. Entre as medidas está a própria geração de energia, a partir da utilização de gás natural, a instalação de painéis solares e o armazenamento de energia em baterias, tecnologia em que o grupo AES é líder nos Estados Unidos.

O projeto, segundo Britaldo, foi idealizado em parceria com o governo de São Paulo e a Comgás. O executivo não revelou, contudo, como se dará a participação da iniciativa privada nos investimentos.

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Segundo Meirelles, o valor investido pelas empresas será "devolvido" ao longo do tempo, a partir da assinatura de um contrato de compra com prazo de 20 anos. A iniciativa não resultará em aumento da despesa com a compra de energia e aumentará a confiabilidade de fornecimento elétrico, salientou o secretário.

O Broadcast, serviço de informações da Agência Estado, tem noticiado desde o início deste ano que o governo paulista estudava iniciativas dessa natureza. A implantação da chamada Rota 4, o gasoduto que trará gás natural da bacia de Santos para São Paulo, foi divulgada em fevereiro passado. A ideia de construção de térmicas foi revelada em maio passado.

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