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Governo português e investidores vão dividir o controle da TAP

Pelo acordo, governo passa a ter 50% da empresa, mas gestão fica com o consórcio liderado por David Neeleman

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Por Redação
Atualização:

LISBOA - O novo governo português e o consórcio privado que comprou 61% da companhia aérea TAP no ano passado concordaram, em princípio, em dar ao governo uma participação maior e dividir o controle da empresa, mas a deixando sob gestão privada.

Depois de negociações longas e difíceis que começaram quando o governo socialista chegou ao poder em novembro prometendo retomar o controle da endividada companhia aérea, os dois lados assinaram um memorando de entendimento pelo qual o Estado vai pagar ¤ 1,9 milhão para aumentar a sua participação na companhia dos atuais 34% para 50%.

Parceria forçada. David Neeleman (E) assinou o acordo com o governo de Portugal Foto: Patrícia de Melo Moreira|AFP

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“Esse é um acordo de 50% para cada lado, pelo qual a empresa será administrada de forma privada”, disse Humberto Pedrosa, o parceiro português no consórcio Atlantic Gateway, liderado por David Neeleman, dono da companhia aérea brasileira Azul e fundador da JetBlue, companhia aérea de passagens a baixo custo dos Estados Unidos.

O primeiro-ministro Antonio Costa disse que o governo tinha de assegurar para si uma visão estratégica para a companhia e ao mesmo tempo respeitar os direitos dos investidores privados, acrescentando que “as negociações não foram fáceis, mas resultaram numa boa parceria”.

Neeleman afirmou que, pelo acordo, o governo não vai interferir na gestão executiva da companhia, mas completou que “ainda há muito a ser negociado”, como, por exemplo, juros de empréstimos bancários.

O consórcio e o Estado terão o mesmo número de membros no conselho de administração da empresa – seis serão indicados pelo governo e seis pelo Atlantic Gateway, apesar do fato de que o consórcio terá agora formalmente 45% de participação, pois 5% da companhia é reservado para os empregados. O consórcio, no entanto, pode comprar essas ações deles.

Transferência de frota. No final de janeiro, a Azul havia anunciado que iria transferir 17 aviões de sua frota para a TAP. As duas empresas, apesar de controladas por David Neeleman, operam separadamente, mas estão em um processo de integração de rotas.

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O plano era a Azul entregar para a TAP nove jatos da Embraer, seis turboélices da ATR e dois modelos A330, da Airbus. Os jatos e turboélices serão usados pela TAP para fazer voos na Europa, já os A330 reforçarão os voos da empresa para os EUA, segundo apurou o Estado.

A Azul vinha com um plano de crescimento expressivo nos últimos anos, mas teve de reverter esse processo em meio à retração da economia brasileira, que derrubou a demanda por passagens aéreas, e ficou com um excedente de frota, atualmente em 140 unidades.

Para lembrar. A venda da TAP para o consórcio Atlantic Gateway, capitaneado por David Neeleman, dono da Azul, foi fechada em junho do ano passado, em um leilão. Mas o negócio começou a ser colocado em dúvida após a queda do primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho – que liderou o processo de venda, que já se arrastava havia anos –, e a chegada ao poder do socialista Antonio Costa.

Nas negociações políticas para a formação de um governo de coalizão antiausteridade fiscal, o Partido Socialista, de Costa, prometeu ao Partido Comunista Português (PCP) e ao Bloco de Esquerda, de esquerda radical, que cancelaria o processo de venda da companhia aérea, que sempre foi questionado pelos partidos de esquerda.

Também foi aventada a possibilidade de o governo ficar com uma fatia majoritária na empresa, o que era rechaçado pelo consórcio. A solução encontrada acabou sendo a de uma divisão meio a meio da TAP. / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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