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Governo prevê até 2020 mais 24 hidrelétricas

Investimento previsto em geração é de R$ 190 bilhões; metade deve ir para as hidrelétricas, segundo plano decenal (2011-2020)

Por Renato Andrade
Atualização:

A construção de hidrelétricas é a maior aposta do governo federal para aumentar a geração de energia no País nos próximos dez anos. A estratégia em estudo prevê a construção de 24 usinas a partir de 2016, que poderão agregar mais de 18 mil megawatts (MW) de eletricidade ao sistema brasileiro. Estão previstos R$ 190 bilhões em investimentos para a área de geração. Mais da metade do valor será aplicada em hidrelétricas. De acordo com a versão preliminar do Plano Decenal (2011-2020) de Expansão de Energia (PDE), o governo deve leiloar ainda este ano oito projetos hidrelétricos, que representam cerca de 10% do volume de energia nova que deve começar a ser gerada dentro de cinco anos. Até o momento, entretanto, apenas dois projetos têm a documentação necessária para ir a leilão: Cachoeira e Estreito. Essas usinas deverão ser construídas no Rio Parnaíba, na divisa do Piauí com o Maranhão, e poderão gerar até 119 MW de eletricidade. A maior hidrelétrica prevista para entrar em operação entre 2016 e 2020 é a de São Luiz do Tapajós. A usina terá capacidade de produzir até 6.133 MW de energia e faz parte do grupo de três empreendimentos que serão leiloados em 2012. Além de sua potência, a usina tem outro diferencial: será o primeiro projeto de usina-plataforma a ser ofertado pelo governo. A hidrelétrica funcionará como uma plataforma de petróleo em alto-mar, com revezamento de equipes de operação e impacto ambiental reduzido durante a construção. Além das novas usinas, o governo conta com a conclusão das hidrelétricas que já estão em obras ou prestes a começar para garantir o aumento de geração necessário para atender ao crescimento no consumo de eletricidade previsto para o período, que é de 4,9% ao ano. Neste pacote está incluída Belo Monte, que recebeu esta semana a autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para o início efetivo de sua construção. A usina, que será construída no Rio Xingu (PA), poderá produzir até 11.233 MW de eletricidade e deve começar a operar a partir de fevereiro de 2015. Na área de transmissão, o plano decenal prevê R$ 46 bilhões em investimentos. Pré-sal. O setor de petróleo e gás deve receber R$ 686 bilhões em investimentos. "Espera-se que no próximo decênio a produção nacional de petróleo e gás natural seja duplicada, com a contribuição do pré-sal atingindo cerca da metade dessa produção até 2020", afirma o governo no documento. No segmento de biocombustíveis, a projeção de investimentos é de R$ 97 bilhões. A expectativa do governo é que a demanda de etanol será "plenamente atendida" pela expansão da oferta, que será garantida pelo aumento da área de plantio de cana-de-açúcar e ampliação da capacidade de produção das usinas que já operam no País, além da implantação de novas unidades. "Neste contexto, vislumbram-se empreendimentos direcionados a facilitar e reduzir os custos de transporte e armazenagem de etanol", explica o governo no texto, que foi colocado pelo Ministério de Minas e Energia em consulta pública até 1o de julho. A versão final do PDE deve ser conhecida ainda no segundo semestre do ano. Nova licença. Depois do sinal verde dado para a construção de Belo Monte, o Ibama liberou ontem a licença de instalação da hidrelétrica de Santo Antônio do Jari, que será construída na divisa entre o Amapá e o Pará. "Os impactos socioambientais serão muito reduzidos por se tratar de uma região de baixa densidade demográfica com plantios de eucaliptos", informou o instituto. "Boa parte da área onde será construída a usina pertencia ao antigo Projeto Jari, concebido para fabricar papel. Para a instalação do canteiro de obras, por exemplo, não haverá necessidade de supressão de nenhum hectare de floresta nativa. Também não haverá desapropriação de ribeirinhos", acrescentou o Ibama. A hidrelétrica terá capacidade de produzir cerca de 373 megawatts (MW) de energia, de acordo com o Ibama. O projeto da usina foi incluído na primeira versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.

 

 

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