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Governo quer transferir térmica pronta do Sul para o Sudeste

Usina de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, pode mudar para São Paulo ou Rio de Janeiro

Por Teresa Navarro
Atualização:

A termelétrica Uruguaiana, localizada no Rio Grande do Sul e operada pelo grupo AES Brasil, pode ser transferida para São Paulo ou Rio. O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, que a medida está em estudo em razão da dificuldade no fornecimento de gás na região, que deixa a usina parada a maior parte do tempo. "Em São Paulo e Rio temos gás suficiente e necessidade de energia. A operação faz todo sentido", afirmou. Segundo Braga, a decisão depende de estudos e de um cronograma de trabalho da empresa. O presidente da AES Brasil, Britaldo Soares, confirma que, em reunião recente com o ministro para tratar da retomada da operação de Uruguaiana, a transferência da termelétrica foi discutida. "Temos total abertura para fazer a mudança, mas existem alguns obstáculos a serem vencidos", disse. O primeiro entrave é exatamente o fornecimento do gás. A AES, inclusive, está neste momento tentando fechar um contrato de garantia de fornecimento de gás para ter permissão de participar no próximo leilão de geração.

Usina de Uruguaiana fica parada durante a maior parte do tempo por causa da dificuldade em obter gás Foto: Reprodução

Sem uma garantia firme de que terá o gás, a térmica correria o risco de enfrentar em novo endereço os velhos problemas.

Inaugurada em dezembro de 2000 para operar com o gás comprado da Argentina, a térmica Uruguaiana parou de funcionar em 2009, quando o país vizinho interrompeu o fornecimento do insumo. Ficou cinco anos totalmente parada. De lá para cá, opera eventualmente quando há necessidade de maior oferta de energia em razão de seca.

O outro obstáculo, segundo Britaldo, seria a escolha do lugar adequado e a obtenção da licença ambiental. Como os equipamentos são do final da década de 90, eles são mais poluentes que os equipamentos modernos. "Um equipamento mais novo tem parâmetros de emissão mais baixo, por isso, teremos de analisar bem onde poderíamos instalar a térmica."

Custos.

Governo e empresa não têm ainda a estimativa do custo para a transferência da usina. O ministro Braga acredita que ficaria abaixo de 10% do valor de Uruguaiana. "No passado fizemos um estudo que chegou ao porcentual de 10%, mas os equipamentos estão mais modernos hoje", disse. Uma térmica nova equivalente está avaliada em cerca de US$ 600 milhões.

O executivo, no entanto, prefere não fazer previsões antes de um estudo atualizado. "A questão é que não fazemos a remoção inteira, as duas turbinas à gás e a turbina a vapor podem ser trazidas, já as caldeiras não", exemplifica. Haverá necessidade de um novo projeto com a utilização de equipamentos já existentes e novos.

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Enquanto não se decide sobre o destino de Uruguaiana, a térmica tem sido acionada apenas esporadicamente para reforçar a oferta do sistema nos momentos que os reservatórios das hidrelétricas estão baixos. Foi aciona em 2013 e 2014 por 60 dias e, neste ano, opera desde o dia 12 de fevereiro com previsão de funcionar também por 60 dias.

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