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Governo vai priorizar relações comerciais com a China, diz Serra

Ministro de Relações Exteriores afirmou que há muito a avançar na relação com os chineses, inclusive no âmbito do Mercosul

Por José Roberto Gomes e Álvaro Campos
Atualização:
'Há espaço para todo mundo no âmbito global', disse Serra Foto: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO

SÃO PAULO - O ministro de Relações Exteriores, José Serra, afirmou que, na área de comércio externo, o governo dará prioridade às relações com a China. "Nós temos muito a avançar na relação com a China, inclusive no âmbito do Mercosul. Não há contradição de negociar o acesso (a esse mercado) junto com o bloco. Há espaço para todo mundo no âmbito global", afirmou após participar do Global Agribusiness Forum 2016 nesta segunda-feira, 4.

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Ele comentou ainda que a importância dada à China também é demonstrada pela escolha do embaixador Roberto Jaguaribe, que estava em serviço no país asiático, para comandar a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex). O órgão, que estava sob o guarda-chuva do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), passou para o Ministério de Relações Exteriores no governo Temer. "Estamos propondo o estreitamento do trabalho da Apex. Não só com a indústria, mas também com o agronegócio, de descobrir oportunidades de mercado, conversar com empresários", afirmou Serra.

O ministro também ressaltou a reformulação na Câmara de Comércio Exterior (Camex), que foi para a alçada da Presidência da República. "A Camex vai tomar muitas decisões relevantes, inclusive em questões tributárias que atrapalham as exportações. É o caso de créditos à exportação que não são honrados, ou quando não se consegue limpar os impostos residuais que ficam nos produtos. É um agregado de pequenas coisas, mas que no geral fazem uma grande diferença".

Impostos. Serra afirmou que o "sistema tributário brasileiro continua onerando as exportações". Segundo ele, levar a Camex para a alçada Presidência da República foi uma "mudança importante" para solucionar esse problema. "A Camex vai discutir custos tributários", afirmou. 

Discursando para uma plateia composta por representantes do agronegócio brasileiro e de outros 40 países, Serra disse que "o Brasil é o grande produtor agrícola que mais preserva sua cobertura vegetal nativa", com mais de 60% do território nacional ainda intocado. "Queremos reverter o quadro de nebulosidade sobre a agricultura brasileira", frisou, referindo-se justamente às críticas que existem sobre a atividade, acusada de desmatamento. 

Crescimento. Serra afirmou ainda que o agronegócio brasileiro "tem sustentado o balanço de pagamentos, evitando crise nessa área". Para ele, esse setor, que hoje responde por 20% da Produto Interno Bruto (PIB) e 40% das exportações do País, "ainda tem grande potencial na medida em que melhoramos a infraestrutura". 

Para ele, o comércio exterior tem de focar, entre suas prioridades, nos financiamentos. Para o chanceler, "não há dilema entre exportar manufaturados ou produtos agrícolas e minerais", comparando os embarques de aeronaves e de soja em grão.

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Em meio a essa nova orientação do Itamaraty, Serra voltou a afirmar que a Pasta está reestruturando a Apex, de modo a extrair mais rendimentos. "Daremos ênfase à negociação com diferentes áreas do mundo, não focaremos em uma parte."Segundo ele, a África é um exemplo de potencial comprador de produtos nacionais, inclusive de itens agrícolas. Já o Irã "está voltando ao mercado e abre perspectiva grande para as exportações brasileiras.

O ministro também destacou a importância da China para o comércio internacional do Brasil. "Criamos área dentro do Ministério e da Apex específica para trabalhar com a China. Estamos interessados particularmente em investimentos chineses em infraestrutura", concluiu.