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Governo vende ações do BB para fazer caixa

Fundo Soberano do Brasil começou a se desfazer de papéis do banco em junho; 1º lote vendido levantou R$ 23,8 milhões

Foto do author Adriana Fernandes
Foto do author Murilo Rodrigues Alves
Por Adriana Fernandes e Murilo Rodrigues Alves
Atualização:

Em busca de reforço no caixa para garantir o cumprimento da meta fiscal, o Ministério da Fazenda deu início à venda de ações do Banco do Brasil que fazem parte do patrimônio do Fundo Soberano do Brasil (FSB). O fundo é uma espécie de poupança que o governo federal mantém desde 2008, para ser usada em momentos de necessidade de receitas. Sem alarde, um primeiro lote de 1 milhão de ações do BB foi vendido em junho. O movimento, no entanto, só foi detectado pelo mercado financeiro nos últimos dias, o que obrigou o Ministério da Fazenda a confirmar ontem a operação. Nos primeiros 15 dias de julho, outras 5,6 milhões de ações do BB foram vendidas. Com a venda das ações, o Tesouro Nacional quer garantir liquidez ao patrimônio do fundo, para que seja usado como receita para engordar o superávit primário das contas públicas - a economia para pagamento de juros da dívida. Segundo o Tesouro, a estratégia é uma medida "prudencial em um contexto de política de consolidação fiscal do Setor Público". No primeiro lote vendido, o Fundo Soberano conseguiu R$ 23,860 milhões pelas ações. Mas a intenção do Tesouro é vender todo o lote de ações do BB que estão no FSN: 109,650 milhões, o equivalente a cerca de R$ 2,662 bilhões. Se o governo vendesse as ações do Fundo Soberano no mesmo ritmo deste primeiro lote, demoraria três meses para zerar a participação. No entanto, a equipe econômica deve analisar o movimento das ações para evitar uma queda brusca do preço, o que geraria impacto negativo tanto para o banco, como para o Fundo Soberano. As ações estão depositadas em um fundo de investimento privado, chamado de Fundo Fiscal de Investimento e Estabilização (FFIE), onde estão aplicados todos os recursos do Fundo Soberano como único detentor. O FFIE tem hoje R$ 3,35 bilhões em ativos. Desse total, quase 80% são ações do BB. Essa concentração em ações no patrimônio do fundo não é considerada eficiente. Agora, o governo busca ter o patrimônio concentrado em ativos de alta liquidez. A expectativa é de que esse dinheiro do fundo seja incluído no relatório bimestral de receitas e despesas que será enviado ao Congresso do próximo dia 22, e que trará uma definição sobre a meta fiscal deste ano. O mercado reagiu mal à decisão do Tesouro, com queda das ações do BB. Os rumores no mercado de que o Fundo poderia se desfazer de ações do BB para contribuir com o ajuste fiscal do governo brasileiro ocorrem desde o ano passado. Fontes do mercado acreditam que o fundo soberano faça novas vendas, ainda que tal estratégia gere prejuízo ao Fundo. Uma fonte pondera que o movimento feito em junho talvez tenha sido um teste para o governo medir o efeito, uma vez que a desvalorização dos papéis do BB também o impacta. "O governo está olhando o que vai acontecer com o outro lado. Afinal, é tudo do mesmo dono. O olhar está atento", lembra a fonte. / Colaborou Aline Bronzati

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