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Grécia encontra lista ‘perdida’ de cidadãos com contas secretas

Lista, que supostamente contém os nomes de cerca de 2 mil gregos que têm contas na Suíça, foi entregue ao procurador especial da unidade de crimes econômicos do governo  

Por Renato Martins e da Agência Estado
Atualização:

ATENAS - Funcionários do governo da Grécia encontraram uma lista de cidadãos gregos que têm contas secretas na Suíça, ao fim de uma busca farsesca. Uma fonte do Judiciário grego disse que a lista, que supostamente contém os nomes de cerca de 2 mil gregos que têm contas na Suíça, foi entregue nesta terça-feira ao procurador especial Stelios Stasinopoulos, chefe da SDOE, a unidade de crimes econômicos do governo.

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A busca pela lista durou quase uma semana e precisou do envolvimento do serviço de inteligência da Grécia e de dois ex-ministros das Finanças, em meio a críticas e comentários sarcásticos na imprensa e nos programas de humor da televisão do país.

Segundo o ex-ministro das Finanças George Papaconstantinou, a lista, parte de uma série de dados "vazados" à imprensa por um funcionário do banco HSBC na Suíça, foi passada ao governo da Grécia em 2010 pela então ministra das Finanças da França, Christine Lagarde (hoje diretora-gerente do FMI). Por muito tempo, funcionários do governo grego disseram que a lista não poderia ser usada na busca de sonegadores de impostos, por ter sido obtida ilegalmente.

Há duas semanas, o vice-ministro das Finanças, George Mavraganis, reafirmou que os dados constituem "espionagem industrial" e não seriam usados. Mas, diante de uma insatisfação crescente com as medidas de austeridade do governo, Atenas mudou de posição e o ministro das Finanças, Yannis Stournaras, disse que o governo queria aquelas informações - mas não conseguia encontrá-las.

"Eu soube da existência da lista pelos jornais", declarou Stournaras em entrevista ao Financial Times. Segundo o ministro, se a SDOE não conseguisse encontrar a lista, "vamos pedir outra cópia a nossos parceiros europeus".

"Todo mundo sabia sobre os nomes na lista", comentou o jornal diário Ta Nea, ironizando o "jogo de esconde-esconde" em torno dos dados desaparecidos. "nenhum funcionário, do governo atual ou dos anteriores, foi capaz de dar uma resposta convincente sobre o que aconteceu com essas evidências. Mas está claro que verificações não foram feiras, enquanto outros países foram capazes de aplicar golpes duros contra a evasão de impostos", acrescentou o jornal.

O procurador Nikos Pantelis, do Supremo Tribunal grego, disse a jornalistas que a lista pode ser usada em investigações oficiais, "porque ela veio de um representante oficial do Estado, por meio de canais diplomáticos".

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Em setembro, os governos da Grécia e da Suíça assinaram um acordo semelhante aos que os suíços têm com Alemanha, Reino Unido e Áustria; esses acordos preveem que os cidadãos desses países que têm contas secretas na Suíça possam escolher entre manter seus dados sigilosos e pagar Imposto de Renda às autoridades suíças (que repassam os recursos para o país de origem) e passar a declarar esses ativos.

As estimativas sobre a quantia total mantida por cidadãos gregos em bancos suíços vão de 20 bilhões de euros a 70 bilhões de euros; segundo a corretora suíça Helvea, 99% dos valores mantidos nessas contas não foram relatados às autoridades tributárias gregas. As informações são da Dow Jones.

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