GENEBRA - O governo grego não apresentou hoje na reunião de ministros de Finanças da zona do euro uma proposta concreta para um novo pacote de resgate. Ontem, Alemanha e França haviam alertado que o governo de Alexis Tsipras precisaria chegar hoje em Bruxelas para a reunião extraordinária com "propostas sérias e concretas". Mas a falta de um documento deixou os ministros da zona do euro irritados.
Hoje pela noite, os chefes de governo do bloco se reúnem e a esperança era de que os ministros preparassem o terreno para um acordo, que seria anunciado ainda hoje.
Em uma mensagem nas redes sociais, porém, o primeiro ministro de Malta, Joseph Muscat, confirmou que os gregos estavam "de mãos vazias". "Isso não ajuda a reunião dos líderes europeus desta noite", indicou.
O governo grego teria se limitado a fazer uma apresentação do que teria em mente: um perdão de 30% de sua dívida de mais de 320 bilhões de euros e uma moratória ao pagamento de 20 anos. Segundo revelou uma fonte, uma proposta formal viria apenas na quarta-feira.
Antes da reunião da noite de hoje, Tsipras se encontrará com a chanceler Angela Merkel e com o presidente da França, François Hollande.
Se Merkel vem adotando um tom mais duro, o francês insistiu que a UE não pode abandonar a Grécia. Paris vem tentando costurar um apoio suficiente para que Atenas seja socorrida.
Cofres vazios. Enquanto não há definição de um acordo, os bancos gregos continuam em situação dramática. O dinheiro pode secar até o fim da semana e, se isso ocorrer, pode ser o início da saída da Grécia da zona do euro.
Sem dinheiro na economia, o governo seria obrigado a imprimir dracmas para que a economia tivesse pelo menos alguma medida de valor. No entanto, pelo menos por enquanto, a Grécia não trabalha com essa possibilidade.
Os bancos, que abririam nesta terça-feira, conforme o prazo original do feriado compulsório, ficarão fechados por mais dois dias. Na melhor das hipóteses, funcionarão na quinta-feira, mas somente se algum dinheiro novo for transferido ao país pelo Banco Central Europeu (BCE).
No entanto, o BCE dá sinais de que não irá aumentar o repasse de recursos sem um acordo com os credores. A autoridade monetária informou nesta terça-feira que não pode fornecer financiamento de emergência para bancos com termos exageradamente generosos ou com garantias insuficientes.
O BCE, que vem fornecendo assistência de liquidez de emergência (ELA, na sigla em inglês) para bancos gregos, na segunda-feira elevou o desconto sobre a garantia que a Grécia deve apresentar em troca pelo dinheiro.
Em documento publicado em seu site, o BCE descreveu instâncias nas quais a provisão da assistência emergencial entraria em conflito com seus objetivos, dizendo que ela não poderia ser fornecida por bancos centrais nacionais mediante garantias insuficientes e com termos generosos que atraem "perigos morais". (Com informações de agências internacionais)