Publicidade

Grécia nega que esteja planejando 'calote parcial'

Segundo fontes do FMI, bancos deixariam de receber 50% do volume emprestado aos gregos.

Por BBC Brasil
Atualização:

O governo da Grécia negou oficialmente nesta segunda-feira que esteja discutindo com credores internacionais um calote (default) em 50% de sua dívida soberana como parte de um plano para conter a crise na zona do euro. O ministro das Finanças grego, Evangelos Venizelos, disse que não discutiu a possibilidade de calote durante o encontro que manteve com autoridades do FMI durante o fim de semana, em Washington, nos Estados Unidos. Segundo fontes do FMI ouvidas pela BBC, a Grécia estaria supostamente negociando o calote de 50% de sua dívida com os bancos. Os bancos, em compensação, teriam acesso a recursos extras, cuja fonte seria um novo pacote de resgate por parte da União Europeia. O suposto pacote seria maior que os anteriores. O mercado reagiu positivamente à possibilidade de injeção de dinheiro nos bancos credores da Grécia. As ações de bancos alemães e franceses - particularmente expostos ao endividamento grego - tiveram elevações na ordem de 6% a 8% ao longo dos pregões europeus. Segundo as informações apuradas pela BBC, e oficialmente negadas pela Grécia, o novo plano ficaria pronto em seis semanas. Publicamente, líderes mundiais descartam a possibilidade de moratória para a Grécia. Mas relatos sugerem que há discussões em curso para permitir que o país dê calote parcial em parte de suas dívidas e permaneça na zona do euro. Incertezas Durante o final de semana, representantes do G20 (grupo das economias mais ricas e emergentes) reafirmaram comprometimento com "uma resposta internacional forte e coordenada" à crise, mas analistas preveem semanas de volatilidade nos mercados financeiros, por conta das dúvidas dos investidores quanto à eficácia das medidas e à recuperação das economias europeias e americana. Na Alemanha, a maior economia da zona do euro, um índice que mede o otimismo para negócios chegou a um de seus níveis mais baixos, segundo relato da agência France Presse. O editor de negócios da BBC News, Robert Peston, relata que dar eficiência aos pacotes de resgate será um grande desafio, e que um eventual fracasso pode resultar em crescimentos anêmicos ou recessões nas economias desenvolvidas. Ainda na noite de domingo, o FMI anunciou que seus inspetores vão retornar à Grécia "provavelmente nesta semana", para verificar os avanços obtidos pelo governo de Atenas. O anúncio foi feito pouco depois do encontro, em Washington, entre o ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, com a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde. O ministro disse que seu país continuaria seguindo as regras do plano de austeridade para obter o próximo pacote de ajuda. Venizelos afirmou que as medidas tomadas por seu governo melhoraram o cenário financeiro do país, mas reconheceu que é preciso fazer mais. "Se não fizermos esses sacrifícios, nossa soberania está em jogo", disse. Catástrofe O secretário grego para Relações Econômicas Internacionais, Constantine Papadopoulos, disse que deixar a zona do euro seria uma catástrofe para o país. "Pessoalmente acho que deixar a zona do euro nos levaria de volta para os anos 1960 ou 70", disse ele à BBC, afirmando que o sistema de moeda comum oferece ao país mais estabilidade, financiamento e competitividade por meio de incentivos à modernização. Nesta semana, o FMI e a União Europeia devem monitorar os progressos que a Grécia vem atingindo em seus planos para a redução de seu deficit. Atenas ainda recebe dinheiro de um pacote aprovado em maio do ano passado, embora a próxima parcela possa ser cancelada se os inspetores julgarem que o país não está cumprindo as metas de cortes estipuladas. Analistas dizem que a possibilidade de isso ocorrer é grande. Sem a parcela deste mês, a Grécia não deve ser capaz de pagar sua dívida a partir de outubro. Um segundo pacote do FMI e União Europeia foi aprovado para a Grécia em julho deste ano, mas ainda precisa da ratificação de vários países da zona do euro. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.