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Grécia paga parcela de € 459 milhões ao FMI e evita moratória

Governo radical de esquerda cumpre palavra empenhada e salda primeiro pagamento de uma série bilionária em 2015; incerteza persiste sobre próximo reembolso, em maio

Por Andrei Netto e correspondente
Atualização:

Texto atualizado às 18h30 O governo da Grécia honrou o pagamento de € 459 milhões devidos ao Fundo Monetário Internacional (FMI), na primeira de uma série bilionária de parcelas que Atenas terá de saldar com instituições internacionais ao longo de 2015 para evitar a moratória unilateral. O reembolso é relativo os empréstimos oferecidos em 2010 e 2012 pela Comissão Europeia, pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo fundo, cujo total foi de € 240 bilhões. A transferência do valor a cada país-membro do FMI - inclusive o Brasil, que tem 1,79 cota do fundo - foi iniciada pelo Banco da Grécia, a autoridade monetária do País, na manhã desta quinta-feira, 9. A operação foi a segunda de porte realizada na semana, já que na quarta-feira a Agência Grega de Dívida (PDMA) anunciou a renovação de € 1,4 bilhão em títulos soberanos com maturidade de seis meses, a maior parte em poder de investidores e bancos estrangeiros. As operações fizeram com que os juros cobrados por bônus da dívida grega com validade de 10 anos caíssem para 11,25%, mas ainda de longe os mais elevados da Europa.

Ministro de Finanças grego, Yanis Varoufakisdisse que Atenas cumpriria com 'todas as suas obrigações com todos os seus credores' Foto: Yves Herman/Reuters

" STYLE="FLOAT: LEFT; MARGIN: 10PX 10PX 10PX 0PX; Mesmo com o pagamento, a preocupação das autoridades europeias e dos investidores privados persiste, no entanto. Isso porque Atenas terá de saldar em maio um total de € 760 milhões em dívidas, dos quais € 320 milhões em juros, e ainda renovar € 2,8 bilhões em bônus soberanos. Para tanto, a Grécia espera que os parceiros europeus transfiram para sua conta os € 7,2 bilhões relativos à última parcela do programa de resgate, pendente desde agosto de 2014. Sem um acordo com Bruxelas, os próximos reembolsos podem levar o governo radical de esquerda grego à moratória. O problema é que para receber os recursos a União Europeia vem exigindo que o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, apresente um programa consistente de reformas econômicas e administrativas, assegurando que as contas públicas não serão prejudicadas pelo relaxamento das medidas de austeridade fiscal. Na quinta-feira, 9, uma reunião de técnicos do Euro Working Group (EWG) passou o pente fino nas 26 páginas do projeto de reformas apresentado pelo ministro grego de Finanças, Yannis Varoufakis. O grupo deu seis dias úteis para que Atenas reapresente o projeto de reformas, aprimorando iniciativas nas áreas de seguro social, mercado de trabalho e privatizações. O martelo sobre as medidas deve ser batido em reunião do fórum de ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo) marcada para 24 de abril. Rússia. Ainda em visita oficial a Moscou, Tsipras tomou a iniciativa de tranquilizar a opinião pública grega e os líderes políticos da União Europeia sobre a natureza de sua aproximação com o Kremlin. Na quarta-feira, o premier chegou a pedir o fim das sanções europeias contra o governo de Vladimir Putin em função da crise política e militar na Crimeia e em Donbass, territórios da Ucrânia ocupados pela Rússia e por milícias separatistas pró-Moscou. A postura irritou dirigentes da União Europeia. "Para a Grécia, a Rússia é parte integrante da sua política externa dinâmica e multifacetada que visa explorar possibilidades para que o país possa voltar a ganhar perspectivas de crescimento e fortalecer o seu papel no cenário internacional", disse Tsipras, falando ao lado do primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev. Mas a prioridade, reiterou, é encaminhar as negociações com Bruxelas e garantir a permanência do país na zona do euro. "Consideramos que o problema é europeu, e por esta razão que buscamos uma solução europeia conjunta", argumentou.

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