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Grupo Ultra quer a Liquigás e uma fatia da BR Distribuidora

A estatal pretende levantar cerca de US$ 14 bilhões até 2016 com a venda de parte de seus negócios para fazer caixa

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Por Redação
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Quarto maior grupo privado do Brasil em faturamento, o grupo Ultra quer ficar ainda maior. Com negócios que vão de postos de combustíveis a farmácias, o conglomerado não esconde o interesse em dois importantes ativos da Petrobrás: Liquigás, vice-líder em gás de cozinha, e BR Distribuidora, a maior distribuidora de combustíveis do País. A estatal, alvo da Operação Lava Jato, pretende levantar cerca de US$ 14 bilhões até 2016 com a venda de parte de seus negócios para fazer caixa. Em entrevista ao Estado, Paulo Guilherme Aguiar Cunha, presidente do conselho de administração do conglomerado - dono dos postos Ipiranga e das empresas Ultragaz (gás de cozinha), Extrafarma (varejo farmacêutico), Oxiteno (química) e Ultracargo (logística) -, disse que a companhia tem muita capacidade para investir, mas afirmou que ainda não fez oferta pelos ativos. O empresário reconhece que uma oferta firme pela Liquigás deverá enfrentar problemas no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), uma vez que a Ultragaz é líder e vai elevar sua concentração no mercado. Dados de 2014 apontam que a participação do grupo Ultra é de 23%, enquanto a da Liquigás é de 22,5%. As outras concorrentes são a Supergasbras, com 21,1%, e Copagaz, com quase 8%.

Petrobrás deve lançar ações daBR Distribuidora na Bolsa, mas condiciona negócio à situação do mercado Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Segundo Cunha, não há interesse da companhia em comprar a distribuidora de gás por meio de um pool de empresas do setor e depois fatiá-la. "Em nosso negócio, buscamos liderança sempre. Então, é difícil comprar um negócio desse e dividir com outros, que não têm a mesma visão que nós. Comprar sozinho também vai ser difícil. Provavelmente o Cade vai reclamar. Aí há soluções, mas não passaria por fazer algo junto." No caso da BR Distribuidora, a própria Petrobrás sinalizou que deverá abrir o capital da companhia. "A BR é uma joia muito querida pelo 'establishment' da Petrobrás, e vai continuar a ser. Mas (fazer uma oferta) por um pedaço da BR, por que não?", disse. "Iríamos querer o pedaço da BR que eles compraram de nós (à época da negociação da Ipiranga em 2007). Eles ficaram, na ocasião, com Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Esse pedaço nós teríamos interesse de comprar de volta. Não sei se eles teriam interesse de vender. Podemos pagar muito mais do que eles vão conseguir no IPO." Procurada, a Petrobrás informou que não fala "sobre hipotéticas negociações ou acordos envolvendo ativos. Qualquer informação concreta sobre alterações significativas em negócios, no Brasil ou no exterior, será divulgada em momento oportuno e por meio de fato relevante". Em relação à BR Distribuidora, a estatal comunicou que "fatos julgados relevantes sobre este tema serão tempestivamente comunicados ao mercado". Conglomerado. Com receita de R$ 67,7 bilhões no ano passado, o Ultra ficou atrás somente da Odebrecht, JBS e Vale. Sua estratégia de expansão nos últimos anos mesclou crescimento orgânico e aquisições, dentro e fora do País. O último grande negócio anunciado pelo grupo foi a compra da Extrafarma, em outubro de 2013, por meio de troca de ações. A rede de farmácias, com atuação no Norte do País, vai ser expandida para o resto do Brasil tendo a rede Ipiranga como canal de crescimento. Já a Oxiteno, que concentra seus negócios em especialidades químicas voltadas para as indústrias de agroquímica e cosmético, tem promovido sua expansão com aquisições fora do País, uma vez que os custos são mais competitivos. Neste primeiro semestre, o conglomerado registrou vendas de R$ 35,9 bilhões, alta de 10% em relação ao mesmo período de 2014. O endividamento líquido da Ultrapar no fim do segundo trimestre é de R$ 5 bilhões - relação de 1,4 vez a dívida líquida/Ebtida (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização). No mercado, o grupo Ultra é visto como uma companhia que adota estratégia conservadora e só dá passos "largos" quando o negócio é importante, segundo um analista ouvido pelo Estado. Se levar os ativos da Petrobrás, deverá confirmar a tese. / M.S.

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