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Heineken assina acordo para comprar dona da Schin por R$ 2,2 bi

Com a negociação, a cervejaria se tornará a segunda maior do País

Por Dayanne Sousa
Atualização:

A Heineken confirmou nesta segunda-feira, 13, a aquisição da Brasil Kirin numa transação que cria a segunda maior cervejaria em operação no Brasil. Pela rede de 12 fábricas e marcas como Schin, Devassa e Baden Baden, a Heineken vai pagar R$ 2,2 bilhões, menos da metade dos cerca de R$ 6 bilhões investidos pela japonesa Kirin, em 2011, para adquirir a Schincariol.

Brasil Kirin vinha adotando uma política agressiva de preços para aumentar vendas Foto: Matthew Lee/Reuters

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A aquisição trás para a Heineken um ativo que, nas mãos dos japoneses da Kirin, vivia um processo de reestruturação. Apesar de a companhia ter informado que as vendas da Brasil Kirin cresceram em volume no último ano, o negócio não era rentável.

A Brasil Kirin reportou uma perda operacional antes de amortização no valor de R$ 262 milhões. Embora seja menor que a perda de R$ 322 milhões de 2015, o resultado aponta que a companhia não conseguiu equilibrar receitas e custos, mesmo tendo crescido as vendas em quantidade.

Analistas consideram que a Brasil Kirin vinha adotando uma política excessivamente agressiva de preços. Para crescer em vendas, barateou seus produtos num esforço para ganhar fatia de mercado num momento em que o setor de bebidas brasileiro sofreu em meio à inflação e deterioração do cenário de consumo no País.

Dados da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia) apontam que o faturamento do setor de bebidas no Brasil teve um crescimento nominal de 7,2% em 2016 na comparação com 2015, abaixo da inflação do período. A receita da Brasil Kirin cresceu 0,2% no ano, chegando a R$ 3,706 bilhões, segundo reportou a companhia.

Em comunicado, a Heineken informou que a aquisição deve favorecer seus negócios no Brasil, porque aumenta o alcance da empresa pelo País. A empresa tinha menos unidades que a Brasil Kirin: apenas cinco cervejarias. Juntas, Heineken e Kirin detém 19% do mercado, segundo dados informados pela empresa holandesa com base em números da companhia de pesquisa Canadean. Passa a ser a segunda maior cervejaria atuante no Brasil, deixando para trás o Grupo Petrópolis, com cerca de 15% de share de acordo com dados da Nielsen. Na liderança absoluta, a Ambev seguiria com seus mais de 65% de participação. O negócio ainda depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A Heineken considerou ainda que a aquisição aumenta a presença da companhia em mercados em desenvolvimento. O portfólio da Kirin, afirmou a empresa holandesa, é complementar ao grupo de marcas atual da companhia e pode ajudar no crescimento da rede em mercados de massa ("mainstream") e fortalecer a atuação no segmento premium.

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O comunicado da Heineken, porém, dá maior destaque aos negócios de cerveja e comenta pouco sobre outro braço relevante da Brasil Kirin, o de refrigerantes e bebidas não-alcoólicas. A companhia menciona que hoje a Brasil Kirin tem cerca de 2% do mercado de refrigerantes brasileiro, onde atua com marcas como a Itubaína. A Heineken, porém, tem um acordo de distribuição com o sistema Coca-Cola e não está claro se esse relacionamento deverá se manter após a aquisição da Brasil Kirin.

Impacto sobre Ambev. A avaliação de analistas é de que, embora no longo prazo a aquisição traga um competidor de maior porte para a líder Ambev, a companhia pode até ser beneficiada pela união de Heineken e Brasil Kirin no curto prazo. Em comentário, a equipe de análise do BTG Pactual destacou que a Ambev deverá sentir um alívio, dado que a Brasil Kirin vinha sendo muito agressiva em preços. No longo prazo, porém, a maior presença da Heineken no Nordeste é vista como um reforço para o cenário competitivo.

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