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Houve deflação de 0,18% em fevereiro, aponta Dieese

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Por Agencia Estado
Atualização:

A cidade de São Paulo registrou em fevereiro deflação de 0,18%, a menor taxa de verificação de preços dos últimos oito meses, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Desde agosto de 2003 (-0,15%), o ICV não registrava variação negativa. O índice de fevereiro é o mais baixo desde junho do ano passado, quando apresentou deflação de 0,26%. O resultado do mês passado representa uma diferença de 1,64 ponto porcentual em relação à taxa apurada em janeiro (1,46%). Em fevereiro do ano passado, a taxa tinha ficado em alta de 1,35%. Dentre os grupos que mais pesam no orçamento doméstico, segundo o Dieese, apenas Saúde registrou aumento no último mês, com alta de 0,24%. As maiores retrações verificaram nos setores de Alimentação (-0,59%), Transportes (-0,30%) e Vestuário (-0,99%). Acumulado do bimestre A taxa de inflação acumulada na cidade de São Paulo nos dois primeiros meses deste ano está 3,04 pontos porcentuais abaixo da verificada no acumulado de janeiro e fevereiro de 2003, segundo divulgou o Dieese. Nos dois primeiros meses de 2004, o ICV ficou em 1,27% contra 4,31% no mesmo período do ano anterior. O índice acumulado nos últimos 12 meses - de março de 2003 a fevereiro de 2004 - é agora menor que o apurado no final de 2003, uma vez que a inflação neste início de ano encontra-se num patamar bem menor, com taxa de 6,36%. Ainda segundo o Dieese, cerca de metade dos bens e serviços pesquisados apresentou variações dentro do limite de alta ou baixa de 1%, o que mostra certa estabilidade de preços dos produtos que compõem o ICV. Quadro recessivo A deflação de 0,18% em fevereiro na cidade de São Paulo surpreendeu a coordenadora do Índice do Custo de Vida (ICV) medido pelo Dieese, Cornélia Porto. Ela disse que esperava uma instabilidade dos preços no mês passado, mas a deflação foi resultado de quedas específicas do grupo Alimentação e do setor Vestuário. "Esperava uma inflação bem mais baixa que a de janeiro (1,46%), mas não contava com uma deflação. Esta variação negativa pode ser atribuída a um quadro econômico recessivo", afirmou a coordenadora. Cornélia prevê que em março a inflação deva ficar próxima a zero porque devem ocorrer ainda elevações dos preços dos cigarros. O ICV registrou a alta apenas em uma semana. "Mas este é um item de pouco peso. Não deve influenciar o índice exageradamente", ponderou. Alimentação, que ficou negativa em 0,59% em fevereiro, deve vir próximo a zero este mês. "O açúcar (-18,11%) caiu além do esperado e foi o grande responsável pela queda do grupo", salientou. A coordenadora do Dieese disse ainda que, com o fim das chuvas, as hortaliças devem apresentar uma redução dos preços. No mês passado este segmento subiu 10,73%, com destaque de alta para itens como agrião (17,70%), alface (16,94%) e escarola (13,84%). Para o ano, Cornélia mantém a projeção de inflação de 5,5%, que só deve ser alterada, segundo ela, se os preços administrados mostrarem altas representativas a partir de junho. "Tenho a impressão de que o Copom (Comitê de Política Monetária) pode reduzir a Selic agora em março. A inflação não é mais motivo de preocupação", afirmou. A reunião do Copom será na próxima semana (dias 16 e 17) e nos últimos dois encontros seus membros decidiram manter a taxa de juros básica em 16,5% ao ano. De acordo com Cornélia, 55% dos 540 itens que compõem o ICV apresentaram estabilidade de preços nos dois primeiros meses do ano. Isto significa que esses produtos apresentaram variação no intervalo de queda de 1% à alta de 1% e, segundo a coordenadora, mostra que a preocupação com a possível elevação dos preços dos produtos industrializados foi exagerada.

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